Melancolia Passageira

Vesti meu casaco roxo, peguei minha máscara de papel e assim sai de casa já era de tarde quase o por do sol, o clima agradável com um o sol não muito quente porém o vento frio indicando que essa noite iria esfriar.
Fiz meu tópico trajeto, desde casa até a lojinha de flores por fim indo ao cemitério visitar minha mãe, coloquei as flores de cerejeira frente a pedra lapidada seu nome no mais alto morro, juntei as mãos e orei por ela, lhe contando o quao só me sentia e que logo iria para o lado dela.
Fiquei o que pareceu uma hora ali com ela, como ainda nao era nem por do sol, desviei meu caminho para meu lugar de paz, entrei no bosque e atravessei os arbustos, me deparei com a plantação de trigo com seus ramos dourados mais alto que Eu, apesar de não enchegar nada pela frente eu sabia exatamente para onde estava indo, é após cinco minutos de caminhada cheguei a pequena estrutura velha porém forte que havia ali.

- ola paz...

Subi os degraus e me apoie com o braço sobre suas estruturas tendo livre visão da vasta plantação de trigo a minha frente que ia tão longe parecendo não ter fim.

- queria... que mamãe tivesse vindo comigo aqui antes...

Minha voz saiu embaçada porém não demonstrava nenhuma expressão ou sentimento, apenas a distância no olhar sem vida.

Andando pela cidade movimentada atrás de alguns mantimentos, resolvo por fim deixar para outro dia, já que havia comida guardada para mais alguns dias. Antes que a vida na cidade me leve de volta para minha temida crise de ansiedade, coloco-me na trilha de uma velha cabana, na qual me lembra minha infância.
Andando pela trilha, começo a sentir a um cheiro estranhamente adocicado, diferente das flores que haviam alí. Me aproximo com cautela, e vejo um borrão roxo próximo da cabana e o escuto murmurar "Olá paz".
Sorrio com ternura e retruco de forma irônica:
-Errou, me chamo Thalles, mas gostei do apelido.
Observo a postura do jovem rapaz e volto a falar:
-Sim, aqui é um ótimo lugar, também está fugindo da correria da cidade grande?

Foi inevitável não me assustar com a súbita resposta que veio de trás de mim, me virei rapido me deparando com o rapaz
- ah... sim... Thalles? - perguntei querendo afirmar se ouvi corretamente um pouco envergonhado por ser pego falando sozinho

Com sorriso gentil aceno com a cabeça de forma positiva, em seguida começo a me desculpar:
- Sinto muito te assustar, eu comecei a frequentar este lugar recentemente, sou novo por aqui, então, se você quiser espaço... Vou entender, seu olhar mostra o que você está sentindo... Bem...
Ainda sem jeito, começo a coçar a nuca de leve com um sorriso agora envergonhado e a face nitidamente corada.

- ah, não...
Levei a mão até a borda da máscara próximo a orelha conferindo de ainda estava no lugar correto, um vício que peguei com os anos de uso, costumo fazer isso quando não sei o que fazer, falar ou com vergonha.
- já está escurecendo, eu.... eu devo ir ou as tias vai ficar preocupadas.
Comecei a descer os degraus até parar a sua frente lhe estendendo a mão.
- até outro dia senhor Thalles...

-Senhor Thalles? Realmente tenho cara de ser tão velho assim? Hahaha desculpa. Se acaso você quiser companhia, posso ir com você, você me aparenta muito fragilizado com algo e... Bem, se precisar de ajuda, estarei aqui.
Começo a notar que estou falando demais e o medo de fazê-lo ir em bora se torna aparente... dou alguns passos pra trás, dando ao jovem rapaz seu devido espaço, logo um amontoado de questionamentos começa a pariar pela minha mente.

- não... é que vc é mais velho que eu e....
Tentei explicar mas ele continuou falando então cortei o que falava até me animei quando disse que pude me expresse um pouco
- sério! Eu consegui me expressar ? Eu pareço triste ? Como é?
Coloquei a mão no rosto curioso querendo me ver e na esperança de estar melhorando da alexitimia.

-Quando eu vivia na tribo, meu cuidador falava que os olhos se expressam melhor que as falas. Seus olhos contam parte da sua história, só não entendi o luto que eles carregam... Você é um rapaz diferente dos que já vi em toda a minha vida.
Olho para o jovem com certo afeto e com uma curiosidade crescente sobre aquela pessoa que mora em seus olhos.

Me surpreendi com tudo o que disse, lentamente levei minha mão esquerda até a bochecha próximo a meu olho.
- incrível...
Me senti transparente como se ele pudesse, como se ele já soubesse toda minha história.
- por acaso é algum stalker ?

-Hahahaha desculpe te assustar hahahahaha, bem é que... É tão fácil ler seus olhos, não vejo arrogância, luxúria como nos rapazes da cidade grande, assim fica ler seu rosto e expressões... Você é... Puro...
Me inclino em direção do garoto, vendo seus olhos e consequentemente algumas manchas em sua pele, me espanto ao ver tais ferimentos e volto a postura inicial um tanto quanto preocupado.

Fiquei sem jeito com tal proximidade e soltei o ar quando se afastou, acompanhei seu olhar que dava aos ferimentos dos meus ombros e os cobri com as mãos que tinham os nós dos dedos também feridos.
- foram... algumas quedas... não tenho tais desejos por que prefiro não perder meu pouco tempo com eles...

-Você é do tipo desengonçado, creio eu? Não querendo insultar, mas deu a entender que seu passa tempo é cuidar das manchas que aparecem do nada.
Este garoto me instiga, transborda sentimentos e gestos tão expressivo que me faz querer saber mais sobre ele. (Pensamento)Como saber das manchas de seu corpo se eu não sei nem o seu nome... Seu nome! Sim!
-Se me permite a pergunta, qual é seu nome? Desculpa pela a falta de educação.

- ah não, mal educado foi eu me chamo... Shino. Bem eu gostaria que fosse apenas desengonçado mas meu caso é mais complicado
Continuamos conversando e só fui perceber que havia se passado muito tempo quando já estava escuro suficiente para não conseguir enxergar seu rosto.

-Shino! Maravilhoso o nome... Sobre suas manchas, logo você melhora, acredite... Ops...agora sim precisamos ir pra casa, aceita companhia?
Estendo a mão para o jovemem um gesto de convite para sair daquele lugar, logo animais mais perigosos vão tomar conta do lugar e a minha única preocupação é com esse tal de Shino.

Acenti pegando na sua mãos um pouco com vergonha
- obrigado
Atravessamos a plantação de trigo e passamos os arbustos o tempo todo em silêncio mas sem soltar as mãos até o a sai da do bosque
- minha casa fica pra esquerda, daqui já posso ir sozinho, ou sua casa também é por la? Podemos ir juntos

Seguro a mão do jovem com cuidado, pois sua aparência frágil me deixa um tanto quanto cauteloso enquanto suas manchas. Enquanto atravesso o bosque olhando o caminho, vou ligando os pontos, e recordo de uma frase no qual ele menciona sentir saudades de sua mãe, será que aquela moça que vi atrás dele era ela? Aquela dor em seus olhos é por isso?
Enquanto eu tentava desvendar sua vida, sinto uma parada brusca é uma voz longe fazendo uma pergunta.
Rapidamente balanço a cabeça e volto prestar atenção no garoto que aguarda pela resposta. Sorrio gentilmente e começo a falar:
-Você precisa de alguém que te acompanhe em casa, eu vou com você com o maior prazer, além do mais você precisa se explicar para suas tias o porque da demora.

- que? Não... elas não são parentes minhas, são as empregadas da casa mas foram elas que me criaram tenho muita consideração por elas... e eu acho que estou falando demais da minha vida para alguém que acabei de conhecer.
Olhei de canto para ele observando sua reação enquanto caminhava calmamente até o bairro nobre da pequena cidade do interior

-Não vou te sequestrar, se é isso que você quer saber, apenas estou curioso. Você tem alergia à pólen também? É bem comum por essa região...
(Pensando) Este garoto é bem incomum, porque diabos fui encontrar ele justo hoje? Sendo que frequento aquele lugar já tem semanas e nunca o vi por lá...

-por que quer tanto saber ?
Continuei observando e ouvindo sua resposta até chegarmos no quarteirão da minha casa
- pois bem, não, não é alergia, eu tenho a saúde fraca s qualquer ferida, batida ou arranhão o que em uma pessoa normal leva no máximo uma semana pra se curar, em mim leva um mês.

-Bem, vejo que está perto de sua casa, vou te deixar por aqui, se precisar de um álibi estou logo alí.
Apontando para o próximo quarteirão, aonde ficava minha casa. Me despeço do jovem e vou em direção da minha casa com as mãos no bolso e olhando para o céu, admirando a lua crescente e suas estrelas de companhia.

Acenti e me despedi também, feliz pelo novo amigo e ainda mais por morar próximo, quando cheguei em casa não levei sermão na verdade as tias ficaram surpresas por eu ter chegado cedo, subi para meu quarto e tomei um banho, vesti um moletom folgado, comi duas torradas com chá e me deitei para dormir com os pensamentos no dia de hoje, principalmente ao novo amigo curioso

Chegando em casa, tiro meus sapatos, coloco pantufas e vou em direção da cozinha para preparar o jantar, depois de um bom tempo mexendo nas panelas consegui fazer minha refeição e fui comer na sala de estar assistindo o noticiário local. Termino de jantar, lavo meus pratos, vou me deitar e me pego pensando naquele garoto.
-Deveria ter feito menos perguntas, ele provavelmente me acha um sequestrador agora. Droga Thalles, vê se não se mete em encrenca de novo. Enfim, preciso dormir e amanhã tenho que passar no mercado sem falta.
Depois de passar um tempo falando sozinho, começo a dormir e sonho com esse garoto falando coisas estranhas.

No dia seguinte acordei como sempre virado para a parede fiquei um tempo olhando para ela até que puxei um travesseiro e o abracei afundando o rosto no mesmo.
- a pior solidão é aquela que invade seu coração mesmo quando você está rodeado de pessoas... que melancólico.
Joguei o travesseiro na parede com raiva e me levantei, fui para o banheiro fiz minhas higienes tomei meus remedios e do jeito que estava mesmo desci para dar bom dia as tias

Acordo com o barulho irritante do despertador e protesto um pouco antes de levantar e desliga-lo. Ao me levantar, vou para o banheiro, me limpo e me arrumo para sair, pois o dia será corrido.
Como algumas torradas e vou em direção ao centro da cidade para fazer as compras e resolver uns problemas jurídicos, nada de grande importância.

Recebi vários beijinhos na testa, Me sentei na mesa e como uma fatia de bolo com um copo de suco pois os remédios são fortes e não podia ficar de estômago vazio, após comer voltei a meu quarto tomando um banho e me arrumando para aula de dança, uma leggin preta com uma blusa comprida também preta porém com o nome do Studio onde eu praticava, peguei o tênis e sai de casa indo para o Studio que ainda era ali no bairro