Yosuzume x Taichi

Relembrando a primeira mensagem :

Dentro daquele carro, olhando pela janela e vendo as coisas passando rápido do lado de fora, me pegava pensando em tudo.
Toda minha vida até agora tinha sido assim. Corrida. Passageira. Sem muita importância pra dizer a verdade.
Pingando de escola em escola. A maior parte do tempo sozinho. Me virando como podia.
Acho que era a primeira vez que eu e meus pais passanos tanto tempo juntos, mesmo que dentro de um carro durante uma viagem de cinco horas de estado a estado.
Era por um motivo bom, eu acho...

Chegamos na escola, era um lugar bonito, bem afastado da cidade em si, cheio de verde e vida. Ar puro.
Era um lugar bonito, mas me sentia tão ansioso e nervoso...

Na sala do diretor, passamos um bom tempo conversando e me sentia como um réu na corte, sentado entre meu pais, enquanto falavam de mim e de meus problemas.
Até que tudo foi finalmente resolvido, e, chegava a hora de eles partirem e me deixarem para trás...

- Se cuide e se esforce bastante, Taichi. Precisa Se acostumar, por que daqui pra frente vai ser assim pra você. - dizia minha mão, ajeitando minhas roupas, enquanto meu pai terminava de colocar minhas coisas no meu novo quarto. - Sei que vai se dar bem. Seu pai e eu também moramos sozinhos na faculdade, não é lá grande coisa. Você se acostuma.

Sempre me comparando a eles.
Acho que eles queriam ter uma cópia dos dois não um filho...

- Vamos? - meu pi chegou finalmente, olhando para minha mãe, enquanto a mesma entrava no carro. - Fique bem, filho. Não se preocupe com as despezas. Se precisar de dinheiro...

- Já sabe onde achar... - completei a frase antes dele. - Eu sei pai, eu sei...

Ele me olhou por um tempo, depois um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.

- Tchau, filho. Espero que se dê bem aqui.

E foi uma das últimas vezes que ouvi a voz deles.
Acho que, eles nãp me ligariam tanto quanto disseram que iriam...

Aos poucos fui soltando seu membro e passando a segurar sua coxa para que desse mais apoio e sustentação a ele.
O beijo calmo e lento....
Tão bom...
Parecia que me sugava e me deixava mole sem saber o que fazer.
Eu me sentia entregue a ele e que ele estava ganhando o controle sobre mim...

Recebi sua mensagem mentalmente e lentamente parei de beija-lo.
Me afastando um pouco apoiei minha testa em seu peito agora recuperando a consciência.
Por algum motivo me senti mal.
Talvez não era o que eu esperava ouvir...
Apertei bem os meus olhos corando de vergonha, agora já completamente de volta a real.
Minha aura já estando sobre controle, porém mais forte pelo ato que acabamos de fazer o que consequentemente alimentou meus poderes me deixando mais forte.
Eu me sentia horrível, culpado pelo que fiz, isso não era algo que ele gostaria que tivesse acontecido com ele, na verdade isso vale para outros homens também.
Mas um sentimento de culpa estava sobre meus ombros me fazendo querer ceder e cair no chão, porém contive essa vontade e continuei ali segurando-o.

- sinto muito.... - de primeira saiu como um sussurro, algo mas para chamar a atenção dele. - me desculpa por isso.... eu... eu não queria força-lo - a cada palavra que saia era sincero e me deixava estranho, nervoso com a resposta que ele daria - sei que não é algo que você gostaria de ter passado, por isso é imperdoável, mas... ainda assim, me desculpa...

Fiquei tenso, e tranquei o maxilar sabendo á rssposta.
Ele era um humano...
É difícil explicar algo para um humano e eles tem um espírito vingativo um tanto diferente, não entendo muito bem os humanos, mas sei que sempre são a mesma resposta.
Só que não queria que ele desse a mesma resposta, me sentia um tanto... apegado ?
Abri os olhos rapidamente completamente envergonhado com esse pensamento.
Não...
Nao pode ser algo assim...
Porém.... sempre que tento negar meu peito foi e meu coração acelera.
Um relâmpago estrelou do lado de fora me fazendo acordar dos meus pensamentos esperando para ouvir o que ele tinha a dizer.
Ah é....
Agora provavelmente vou levar vários socos....

Não fazia ideia do que pensar sobre isso agora...
Depois que acabou, minha mente ficou mais pesada com a culpa e a medida que aquele cheio e gosto doce foram embora, meus pensamentos voltaram a funcionar como deveriam, sem aquela nuvem escura encima deles.

Ambos nos sentamos no chão de piso frio, meu corpo ainda muito trêmulo pelo que aconteceu.
Ainda em nossos corpos existia a evidência de nossos pecados.
Ofegantes, mãos meladas e ainda nus, como se fosse natural, mas não era...

Olhei para minhas mãos, sujas, limpando-as imediatamente na camisa que agora se encontrava quase no chão, ainda enroscada em meus braços.
Meus olhos estavam molhados, queria chorar mas entendia que não fora culpa dele, afinal assim que acabamos eu entendi que tipo de demônio era ele... Me sentia até mais fraco agora, que havíamos terminado...

- Uuhn... - me encolhi um pouco entre meus ombros, em silêncio até ele terminar de falar.

Era claro que me sentia mal com o que aconteceu...
Ele havia tirado meu primeiro beijo, minha primeira... Transa? Se é que eu podia chamar assim.
Mas não interessava até onde havíamos ido, apenas que o sentimento era de que fizemos algo sexual e isso não iria jamais voltar atrás.

- Ta tudo bem... Não quero mais falar sobre isso... - dei um pulo quando o raio atingiu o chão, chegando a tremer toda a escola. - Não precisa... Pedir desculpas... - no fundo quem se sentia realmente culpado era eu...

Eu por ter gostado disso, por ter permitido isso...
Por tê-lo magoado da primeira vez...
Por ter-mos brigado e gritado um com o outro, o que resultou nisso que vivíamos agora...
Jamais deveríamos ter ultrapassado essa linha...

Eu o ouvi com atenção.
Podia ouvir seus pensamentos, porém apesar disso eu não podia ouvir seus sentimentos e isso me deixava mal.

- huuum.. - eu não sabia o que dizer, mas realmente me sentia mal.

No chão eu o abracei com uma vontade enorme de chorar e me sentindo muito mal.

- hey.... isso é sério? Me perdoa mesmo ? Vamos começar de novo... não quero perder um amigo....

Talvez, mas apenas talvez, não deveria culpá-lo por nada disso...
Quando ouvi seu choro percebi que não era justo colocar toda a culpa nele.
As vezes fazíamos coisas a que nos arrependíamos depois e isso era normal até para um demônio eu acho.
Seria injusto culpá-lo por isso. Por ter... Me feito sentir tão bem...

Abri meus braços imediatamente, o segurando com força da mesma forma como fazia.
Não consegui segurar e apenas chorei feito uma criança em seus braços, escondendo o rosto na curva de seu ombro.

Me sentia inseguro. Não com ele mas comigo mesmo.
Sentia como se devesse parar de me cobrar tantas respostas e apenas viver o momento, sem adicionar mais questões na minha cabeça.
Era o que eu tentava fazer mas já havia passado por tanto que tinha medo de acontecer de novo...

- Me desculpa ter gritado com você, eu não queria ter dito tudo aquilo, me desculpa... - minhas palavras soaram mais sinceras agora do que jamais havia dito. - Não tenho medo de você, eu tenho medo de mim... Não consigo explicar, Yosuzume... Eu já passei por tanta coisa que eu tento me defender de qualquer um que se aproxima de mim, por que eu tenho medo de desmoronar se alguma coisa acontecer... Me desculpa, eu não queria ser assim, e não queria que se sentisse culpado, mas eu tenho medo de que enjoe de mim e vá embora como todo mundo... Me desculpa por isso, eu... Eu nunca adimiti isso pra mim, mas eu tenho problemas sentimentais em mim que me matam aos poucos, que me assustam... - meus olhos molhavam seu ombro, enquanto soluçava e procurava por ar. - Eu não sei se você vai me aguentar por muito tempo... Ninguém quis ficar perto de mim por causa desse meu jeito... Eu me sinto morto por dentro a maior parte do tempo, e escondo isso por vergonha...

Me dizem ser um bom ator...
Para mim é outro nome... um jogo com as palavras eu diria, usando a mente atordoado da pessoa com que está falando e é... pode ser um pouco de atuação.
Infelizmente foi isso que aprendi para sobreviver no mundo, foi o que minha "mãe" me ensinou tão bem e descaradamente.... mentir.
Eu não gosto disso, as vezes apenas sai sem nem mesmo eu perceber, por isso apenas chamo de "jogo com palavras"
Para mim é tão natural...
Sem falar na manipulação...
Na maioria das vezes nem chego a usar meus poderes, apenas... "brinco" com as palavras novamente... porém não mentindo e quem eu quero acaba fazendo o que eu quiser.

Eu também não sou fã de mim mesmo...
Odeio esse lado meu.
E me sentia realmente mal.... sentia como se tivesse o manipulando.
Fiquei um pouco aliviado quando ele se abriu comigo e por vontade própria.
Ainda abraçados levei uma mao a sua nuca fazendo carinho em seus cabelos e a outra subia e descia em suas costas esquentando a mesma o confortando.
Fiquei em silêncio ouvindo tanto a chuva quanto o que ele dizia entre o choro.

Ele se abriu para mim e jogou tudo para fora, disse tudo o que sentia e demonstrou os sentia e tia através do choro.
Me sentia obrigado a dizer algo, mas não tinha nada a dizer.
Permaneci calado por um tempo ambos ainda abraçados, em nenhum momento parei com o carinho até que ele tivesse parado de chorar.

Agora ele já estava com uma respiração mais calma e se abraço um pouco mais solto, me desvencilhei de seu abraço segurando seu rosto entre minha duas mãos o olhando nos olhos com um pequeno sorriso no rosto.
Ainda em minha forma demoníaca falei o que achava do que ele sentia.

- nunca pesa desculpa quando não fez nada de errado... você está certo, eu também não confiados facilmente em alguém se fosse traído no passado.... eu até entendo esse sentimento... - e realmente entendia, de certa forma passei por algo parecido no passado porém ao suportar morar anos na mesma casa com a pessoa me fez perdoar - mas... só acho que não deveria perder tanto a confiança em si mesmo, tipo.... - eu não sabia dar exemplo de alguém é cheguei a travar por um momento, mas então lembrei do meu tempo de superação, em que desconfiava das pessoas agora meus amigos - tipo, eu prestava atenção em quem eu admirava, não um admirar de gostar e sim de quando crescer quero ser como você... eu comecei a tomar exemplo do que fazer e percebi, não, eu aprendi a ignorar e deixar de lado esses seres ruins, com más intenções... e caso não tenha alguém para se espelhar pergunte a um amigo, e como seu amigo lhe aconselho exatamente isso... ignore, grite FODA-SE para o mundo, um peso enorme dai dos ombros... - também lembrei de outra coisa, mas não achei que fosse um bom momento então após terminar de falar apenas continuei calado.

Agora minhas mãos repousavam em seus ombros e um sorriso estampado no meu rosto, isso foi o que Aoba me disse uma vez e me sinto feliz de dizer o mesmo para um amigo que precisava de ajuda.
Me deitei de costas no chão com os braços esticados por cima da cabeça e o deixei pensar no que fazer agora, se seguia o conselho ou continuava como estava.

Ouvi tudo o que ele tinha a dizer em completo silêncio, apenas soluços e lágrimas correndo aqui e ali, olhares desviados por falta de coragem.
Meu corpo ainda trêmulo estava quente, fervia por dentro e as vezes me faltava ar pra respirar.

Era tortura se sentir assim as vezes.
Só queria parar de me sentir assim... Me matava cada vez mais e mais...
Mas es tinha razão... Não podia ficar assim pra sempre, me sentindo tão mal, remoendo tanta coisa, tendo medo das pessoas. Porém era simplesmente difícil acreditar nas palavras de qualquer um que fosse, por mais doce que fossem.
Eu... Tinha tanto medo de me machucarem de novo, de me deixarem de lado e simplesmente irem embora... Eu estava com medo de tudo, pois se acontecesse de novo eu não iria mais aguentar...
Já estava no meu limite e mais um passo em falso, cairia no abismo e aí sim, não teria mais volta...
Não sabia exatamente o que fazer...
Por onde ir...
A quem estender a mão...

Simplesmente por medo de cair nesse abismo que estava tão perto de mim...

No momento em que ele se deitou no chão, imediatamente me deitei junto, o abraçando com a mesma força.
Me aconcheguei nele, apertando-o entre meus braços com tudo o que tinha.
O choro voltou a tomar conta de mim, o tremor de meu corpo, os soluços.

Não me importava.
Eu apenas queria ter um conforto momentâneo, apenas por algum tempinho antes de voltar a realidade.

- Eu não tenho mais forças pra lutar contra isso... Eu to cansado de tudo...

Fiquei pensando em outras coisas, como o que fazer quando saísse do ginásio, assim que a chuva parasse.
De certa forma parecia até que ela estava ali para nós, para nos reconsilhiarmos, para darmos um passo adiante.

Abri os olhos rapidamente um pouco surpreso com o abraços dele.
Relaxando um pouco fiquei de frente para ele passando um braço por sua cintura o acomodando no abraço.

Ouvi o que ele disse mas permaneci em silêncio, eu estava cansado, esgotado na verdade, então apenas fiquei assim por um longo tempo.

- é só esperar.... vou permanecer ao seu lado, então tenha um pouco de confiança em si mesmo.

Dei um sorriso me lembrando de como ele ficou feliz e animado com o mano a Mano que tivemos do vôlei.
Era disso que ele precisava.

Me levantei e fui até o armário pegando uma bola de vôlei e chamei sua atenção.

- hey.... vamos jogar.

O chamei com um sorriso no rosto e a bola na mão caminhando para a quadra de madeira

Como eu disse.
Pra mim sempre foi difícil de confiar nas pessoas, ainda mais depois de sofrer tanto na mão delas...
E no fim das contas lá estava eu me perguntando. Será que ele estava falando mesmo a verdade? Será mesmo que ele... Sendo um demônio, estava falando a verdade pra mim?
Por que as vezes me sentia tão incapaz de acreditar nas pessoas... Em qualquer um que fosse, até mesmo em eu mesmo...

Quando ele se afastou de mim, senti meu peito apertar.
Estava sufocando de novo, sozinho me afundando, mas tentava esconder isso, pelo menos por hora precisava esconder.
Sei que se fizesse demais, ele iria acabar indo embora por que não me aguentou por muito mais tempo...

Me sentei no chão, ainda um pouco encolhido, enxugando rapidamente o rosto na manga da camisa que ajeitei sobre os ombros novamente.
Tremia um pouco pelo frio, nervoso que fosse, mas me coloquei de pé, sem olhar para ele um segundo que fosse.

Só... Sentia como se não passasse de mais uma vez... Eu... Tinha medo... Muito medo...
Medo do que eu viria a pensar depois que meu coração se acalmasse... Depois que minha mente clareasse dessa nuvem escura...

- E-eu já vou... Minhas roupas já devem estar secas... - esfreguei o rosto um pouco mais, me mantendo concentrado nos batimentos acelerados dentro de meu peito dolorido.

Me sentia um pouco mal de ve-lo assim.
Deixei a bola de lado sobre o banco e me sentei no banco ao lado de sua roupa.
Ele estava de costas para mim e acabei o puxando pela cintura o virando de frente e o abraçando, apoiei minha cabeça em sua barriga, trocando carinho apenas.
Me sentia um pouco carente a seu lado... e por mim não parecia errado.
Era até que.... bom

- você parece que vai desabar a qualquer momento... se não quiser jogar é só falar... ou se preferir podemos apenas voltar a deitar como antes e ficar quietos abraçados um confortando o outro....

Corei um pouco com a última opção que dei o olhando desde baixo.
Minha voz saiu um pouco abafada por minha boca estar contra sua barriga, mas não me importei muito

Não deveria estar fazendo isso com ele.
Sei que como era difícil pra mim, pra ele também deveria sed. Lidar com uma pessoa como eu não era fácil e muitos desistiram por conta disso, por que já não me aguentavam mais.
Eu não queria isso...
Por mais que desconfiasse de Deus e o mundo, ainda sim me forçava a acreditar que ele era uma pessoa boa, que ele queria mesmo meu bem. Acreditar um pouco nele me deixava mais feliz...

Neguei com a cabeça imediatamente, sorrindo um pouco quando ele me segurou perto de seu corpo de novo.
Senti cócegas na barriga quando ele falou comigo, pois sua boca estava perto demais.

Por algum motivo eu fiquei feliz. Em ver que ele se preocupava comogo mesmo se fosse mentiras ou não...

- Ta tudo bem... A gente pode esperar a chuva passar, mesmo que demore. Não me importo, eu... Só quero ficar aqui com você até eu me acalmar e vai ficar tudo bem. - disse mais calmo agora, os dedos passando por seus cabelos macios devagarinho.

Podia parecer estranho mas alguma coisa dentro de mim me alertava sobre esse sentimento diferente que estava a sentir por ele agora...
O que era isso eu não sei...

Estava tenso....
Sim, muito tenso.... imaginei várias respostas, porém a que ele me deu foi uma pequena surpresa.
Um leve sorriso no canto da minha boca apareceu e a tensão aliviou.
Um frio percorreu minha espinha e me arrepiei com a carícia no cabelo, porém fechei os olhos mesmo assim aproveitando a mesma.

- então... apenas ficar parado está bom....

Fiquei sentado e o soltei para que pudesse se vestir.
Me levantei e fui até o quartinho onde peguei três colchonete e o puxei até onde ele estava.
Arrumei um ao lado do outro e voltei minha atenção para ele

- eai? Com fome ? Acho que posso conseguir algo para comermos...

Falei porém não tendo tanta certeza se realmente conseguiria algo.

Parecia até cena de cinema.
Era estranho me encontrar numa situação como essa.
Havia acabado de perder a virgindade, se é que eu havia perdido mesmo... (bater uma pra outra pessoa podia ser considerado perder a virgindade?)... Estávamos presos no ginásio sozinhos, durante uma tempestade, e... Eu sei lá, parecia ser tudo muito mágico pra ser verdade.
Me sentia um tanto constrangido em pensar que estava começando a olhar pra ele de uma forma diferente do que apenas um amigo.
Ainda não havia tirado da cabeça que ambos éramos homens... Mas sentia que podia contar com ele pra me fazer sentir melhor depois de uma crise dessas.
Eu apenas estava com medo de me apegar demais, como fiz com meus amigos... No fim só serviu para eu me machucar ainda mais, e... Eu estava simplesmente com medo de gostar demais dele...

Quando ele se afastou, vesti pelo menos minha cueca por debaixo da camisa aberta, joguei a toalha por cima dos cabelos ainda molhados, tentando ao menos me deixar mais seco.
Limpei tudo rapidamente, e logo me virei para ele, sem jeito, envergonhado, o rosto completamente vermelho.

- P-pode ser... eu estou com um pouco de fome... - ainda encergonhado, me sentei sem jeito em um dos colchonetes, tentando não olhar para ele por pura vergonha.

E agora?
Depois de tudo comp ficaríamos?
Eu sei que era idiotice pensar nisso, mas geralmente quem faz esse tipo de coisa são namorados...
E-ele queria ser meu namorado?

Deixei um sorriso de canto escapar vendo-o corado.
Não precisava ler a mente dele para saber o que pensava, sabia que ele não ficaria confortável comigo agira, nao saberis como representar o nosso relacionamento então eu teria de tomar a iniciativa.

Me virei e comecei a ir para a porta do ginásio que estava aberta.
Eu tinha escurecido que a bmdeixei aberta o que acabou molhando a quadra e a brisa provavelmente fria entrar.

- merda... - fechei a porta e me virei para onde ele estava no vestiário - vou pegar comida e alguns remédios, não saia na chuva pode ser perigoso.

E assim sai.
Adentrei a chuva indo logo entrando na floresta.
Corri um pouco para me aquecer e me teleportei para dentro da escola.

Era errado, ou até mesmo cruel de minha parte, mas quando ele deu meia volta e saiu do ginásio, adimito que suspirei aliviado.
Não sabia o que pensar sobre tudo aquilo. Como poderia? Era tudo muito complicado pra poder entender.
;Nunca havia me envolvido em relacionamentos do tipo, nem mesmo com garotas. Ele foi meu primeiro. Em tudo. Nos beijos, nos toques... Era um homem e eu também, e issoe estava matutando em minha cabeça.
Não éramos namorados nem nada disso.
Eu ao menos achava...
Então por que se tocar assim? Por que dos beijos se não iríamos namorar?

Me deitei no colchonete, colocando os braços encima dos olhos.
Respirava devagar, tinha que respirar devagar caso contrário acabaria surtando completamente.
Estava frio ali, então acabei me encolhendo, fechando os olhos.

- Pare de pensar nisso, Taichi... Foi coisa de uma noite... Nem sabe se ele gosta mesmo de você... - disse baixinho.

É eu nem ao menos sabia...

Dentro da escola em um dos corredores olhei em volta.
Eu não era o único aluno diferente naquele prédio e por ser um dos monitores ser pego fora do dormitório seria um escândalo sem contar no "diretor"

Caminhei em passos rápidos até meu quarto onde peguei uma mochila e colocando algumas coisas necessárias, como, roupa e uma coberta.
Espera...
Me sentei na cama encarando o nada.
Se eu podia me teleportar eu poderia trazer nos dois de volta.

- como não pensei nisso antes? - mas... ele sabe que eu posso fazer isso, ou ele queria ficar preso no ginásio comigo?

Antes que pudesse terminar meu pensamento aoba apareceu no meu quarto.

A: filho da mãe, que raiva, onde você tava ? Esqueceu que não pode simplesmente sumir assim ? O diretor perguntou de você falei que estava doente, onde você estava ?

Ela foi me enchendo de perguntas enquanto me dava vários socos dolorosos, Eu mal tinha tempo para responder até ela parar de me bater e me encarar zangada esperando por uma resposta.

- ai... eu fiquei preso no ginásio com o Taichi... ele está lá me esperando, tenho que voltar.

A: hum... apenas busque ele e voltem.

- é.. eu sei. - falei um pouco desanimado, por algum motivo eu não gostava desse pensamento.
Percebendo meu desânimo ela não pronunciou mais nada e me deixou ir até o refeitório pegar um pouco de comida seca e garrafinhas de água.
Passei na enfermaria e peguei alguns frascos de remédio e alguns comprimidos e sem nos despedir me teleportei de volta ao ginásio.
Abri silencioso a porta fechando ela assim que entrei.

- estou de volta...

Fui até o vestiário deixando a mochila cheia e obviamente pesada sobre o colchonete

Nesse pouco tempo em que ele havia ficado fora, me revirei no colchonete, com medo das coisas que se passavam na minha cabeça.

Era complicado entender o que eu estava sentindo. Nunca havia tocado uma pessoa antes, nem sido tocado, e agora parecia que todo meu conceito de sexo havia mudado completamente.
O que tínhamos feito não foi sexo.
Isso era bem óbvio.
Mas já significava alguma coisa.
O que significava?
Ele gostava de mim amorosamente?
Eu gostava de verdade dele, desse jeito?
Éramos homens.
Muito diferentes por sinal.
Eu...
Eu...
Eu..

- AH! - dei um pulo do lugar quando ele retornou.

Não estava esperando-o voltar tão rápido, então quando ouvi sua voz quse tive um infarto.
Me sentei, colocando ambas as mãos sobre o rosto, completamente envergonhado com meu grito ridículo.

- B-bem vindo de volta... - resmunguei, me encolhendo comoletamente entre meus ombros.

Estranhei o grito mas resolvi ignorar.
Me sentei em um banco frente ao colchonete e entreguei-lhe a mochila.

- bem... não sei como não pensei antes, mas... eu posso me teleportar, posso levar a gente de volta...

Não entendia o porque de não gostar daquilo.
Nunca desejei tanto não poder teleportar.
Pense em algo...
Eu não queria ir.
Tenho que pensar em algo.... mas não tem desculpa

- N-NÃO! - gritei rápido demais, até eu me assustei com essa única palavra.

Tapei a boca com as duas mãos, o rosto fervendo num vermelho mais vermelho que todos os vermelhos.
Estava tão envergonhado e nervoso que tremia, ainda mais por que simplesmente não havia onde me esconder depois desse grito estúpido.

- Q-q-quer dizer, e-eu eu... Eu quero dizer, q-que n-nós, n-nós deveríamos ficar! N-não é isso que está pensando, eu acho que, eu to cansado demais, e essa sua coisa de teletransporte me deixa enjoado, e eu, e-eu não quero vomitar! É isso eu não quero vomitar, ficar passando mal a noote toda, não! - o que diabos eu estava fazendo?

Tentando enganar ele desse jeito...
Eu era uma pessoa muito burra. Burra até para lidar com questões que nem mesmo eram da escola.
Desse jeito jamais chegaria a lugar algum na minha vida, se eu nem mesmo conseguia falar com as pessoas.

- Eu vou dormir aqui, boa noite! - disse, me deitando e cobrindo a cabeça rapidamente com minha própria camisa.

Empulcionei para trás arqueando as costas com o susto quando ele gritou, a dúvida estampado no meu rosto contorcido.
Pisquei algumas vezes para fazer a surpresa passar, mas comecei a rir de como ele gaguejava E cobri a boca abafando a risada.

- tudo bem, pelo menos não quer comer antes de dormir ?

Me sentei no colchonete a seu lado.

- veja, eu peguei alguns sanduíches e algumas frutas, trouxe água e... - puxei o cobertor pra fora da mochila é joguei sobre sua cabeça - coberta.... - mechi mais um pouco na mochila até chegar no fundo onde tinha alguns remédios - também acho melhor vice tomar remédio, porque correu naquela chuva gelada, depois tomo um banho quente e levou choque, é perigoso que fique doente.

Peguei alguns remédios de dentro, algo como para febre, e dor.
Peguei uma garrafinha de água e entreguei-lhe com a cartela de comprimido.

Eu realmente não sei o que eu tinha na cabeça.
Era só pegar as coisas e ir de volta pro quarto! Por que eu simplesmente não concordei com ele?!
Aaaaaagh!!! Meu Deus eu não conseguia me entender nesse momento. Era uma mistura tão grande de sentimentos, que transbordavam do meu peito, que me deixava sufocado, nervoso, ansioso, confuso, tudo isso junto e mais um pouco.

Nem sequer me movi quando ele jogou a coberta em minha cabeça. Deitei que tapasse meu rosto vermelho, até eu me acalmar, mas como isso não aconteceu, me joguei deitado na cama, ainda com a coberta na cabeça.
Estava com muita vergonha de olhar pra ele agora. De pensar nele agora então era melhor virar um montinho debaixo dos panos.

- Uuuuuuhhh... - resmunguei, apenas as pernas de fora dos cobertores. - E-eu não consigo entender nada... - disse finalmente, tentando me manter calmo durante a conversa que tentava inciar. - Por que a gente fez isso? Você não quer ser meu namorado, e homens não fazem isso um com o outro... Eu nunca gostei nem fiquei com homem antes, nem com mulheres...

Eu entendia.
Compreendo que para ele isso não foi legal.

- entendo.... - falei sincero e levemente tristeza estampada em minha voz - sinto muito... eu... isso é culpa de minha origem demoníaca, já fazia muito tempo que eu estava me contendo e você acabou... Eu acabei....

Abaixei a cabeça me sentindo mal pelo que fiz.

- sinto muito mesmo.

- Desculpas não responde o que eu quero entender... - finalmente criei coragem pra tirar meu rosto debaixo das cobertas, encarando-o com os olhos cheios d'água. - E-e-eu... Essa foi minha primeira vez, e eu... Eu não sei o que sentir sobre isso... Eu sou homem e você também. Bom... Quase isso... Mas você me entendeu. Homens não fazem essas coisas um com os outros. E você não é meu namorado, mas eu não sei se eu... - meu rosto ficou ainda mais vermelho se isso era possível. - Eu não sei o que eu estou sentindo por você! Tá bom?! Eu não sej, mas eu fiquei desesperado quando achei que você me odiava, equando fugiu de mim! - gritei, colocando tudo pra fora. - Eu sei que é idiotice minha pensar nessas coisas, por que a gente mal se conhece a alguns dias, e isso não faz nem uma semana? Mas eu... Eu vim atrás de você por que eu quis e eu não entendo! - acabei, me enfiando debaixo das cobertas novamente, me sentindo horrível.

Não sei se ele entenderia meu dilema interno, mas o problema era que eu realmente estava nervoso, sobre o que eu estava sentindo.
E se eu tivesse me apaixonado por ele?
Eu nunca tinha me apaixonado de verdade por ninguém. Minha ex namorada não significou nada pra mim. Muito menos do que ele estava significando agora.

Agh, Deus...

Prencei um lábio contra o outro enquanto o ouvia falar.
Ele tinha razão, eu entendia seu lado, mas eu realmente não fiz de propósito, foi... um impulso.

Ouvi tudo o que ele dizia de cabeça baixa, eu nem tentei negar ou ir contra principalmente por ele estar certo.
Talvez no final Aoba estivesse certa, humanos são todos iguais, talvez eu tivesse que apagar a memória dele assim como fiz com outros.
E meu peito doeu só de pensar isso.

- sim... você está certo...- minha boca estava vermelha quando falei, pelo fato de ter a forçado com os dentes enquanto o ouvia - eu... sinto muito, vou arcar com as responsabilidades - e com isso quis dizer fazê-lo se esquecer de mim.

Me levantei e fui para onde era o armário de equipamentos, deixei que ele ficasse com meu cobertor e os remedios, na verdade deixei que ele ficasse ali sentado com tudo do jeito que estava.
Na sala de equipamentos do ginásio juntei outros dois colchonetes, eu dormiria ali, não dormiria lá com ele até porque seria estranho para ele, mas também não iria me teleportar de volta para escola, eu ficaria ali para de certa forma não o deixar sozinho.

Podia não parecer, mas eu sabia como era ficar sozinho, principalmente quando se é uma criança que teve de se virar no mundo sem os pais, ou quando você já foi amigo de tantas pessoas, mas foi obrigado a fazê-la se esquecer de você é ainda assim.... você mesmo não se esquece delas.
Eu sabia que era doloroso para ele, eu conhecia a sensação melhor do que ele poderia imaginar.
Já com os colchões juntos me deitei rapidamente pegando no sono pelas conturbações que havia acontecido nesse dia
Eu estava cansado e dormir não foi problema

Ele claramente não havia entendido meu recado.
Seria complicado e trabalhoso demais o fazer entender agora, que estávamos de cabeça cheia, no entanto.
Haaah, eu nem sequer sabia como me entender. Como queria que ele entendesse?

Assim que ele terminara de falar, espiei por debaixo das cobertas, quando ele finalmente saiu de perto de mim.
Parecia mesmo que ele não havia compreendido tudo o que eu disse, mas, fiquei com tanto receio de ir atrás dele naquele momento...
Parecia realmente que aquilo havia sido um tremendo erro, e que ele mais do que eu se arrependia de tê-lo cometido.
Por mais que insistice em perguntar, ele não queria me responder sobre o que estava sentindo por mim, se é que sentia...

Droga...
Eu achei que aqui eu estaria livre de todos os meus problemas mas me enganei profundamente...

Me deitei no colchonete, cobrindo todo meu corpo.
Tapava a boca para não chorar alto, pois estava tão nervoso que era simplesmente inevitável.
Meus olhos se encheram d'água, e eu tremia, tentando esquecer de tudo mas sendo simplesmente impossível...

Minha noite foi horrível ali.
Eu não consegui dormir direito de noite, acordava com os estrondos autos dos trovões e quando amanheceu eu estava com leves olheiras de baixo dos olhos.

Dolorido pelo chão do ginásio porque acabei rolando para fora do colchonete, me levantei tão preguiçoso quanto podia.
Lentamente fiquei de pé, esticando bem o corpo me espreguiçando e sentindo meus ossos estralarem.

Meu estômago roncou e doeu.
Ah é mesmo.
Ontem eu passei o dia todo sem comer.
Com a mão na barriga me arrastei para fora da pequena sala.

Vi ele encolhido de baixo da coberta ainda dormindo e meu coração palpitou no peito.
O que era aquilo ?
Eu nunca tinha sentindo isso antes.
Era diferente e novo ao mesmo tempo que era bom.

Me aproximei de vagar dele e vi seu nariz vermelho, os cílios húmidos e o rosto com vestígios de lágrimas.
Ele deve ter passado a noite toda chorando.
E eu me sinto mal por isso.
Eu fiz algo que errado ?
Me lembrei só que fiz para ele no vestiário é fiquei decepcionado comigo mesmo.
É claro que fiz algo errado.

Ele dormia pesadamente e automaticamente minha mao foi parar em sua testa medindo sua temperatura inutilmente
Eu era um demônio inútil que não conseguia sentir a temperatura ao redor se não estivesse muito alta.

Suspirei.
Pelo menos isso indicava que ele não estava com febre.
Sentei de costas para ele sobre o colchonete e peguei minha mochila puxando uns três sanduíches de lá.
Minha boca s encheu de água quando vi os sanduíches muito bem embrulhado e meu estômago roncou alto.
Não perdi tempo ou pensei duas vezes e devorei o primeiro em duas mordidas o suficiente para cobrir o estômago.
Logo dei início ao segundo que comi mais calmamente.