Yosuzume x Taichi

Dentro daquele carro, olhando pela janela e vendo as coisas passando rápido do lado de fora, me pegava pensando em tudo.
Toda minha vida até agora tinha sido assim. Corrida. Passageira. Sem muita importância pra dizer a verdade.
Pingando de escola em escola. A maior parte do tempo sozinho. Me virando como podia.
Acho que era a primeira vez que eu e meus pais passanos tanto tempo juntos, mesmo que dentro de um carro durante uma viagem de cinco horas de estado a estado.
Era por um motivo bom, eu acho...

Chegamos na escola, era um lugar bonito, bem afastado da cidade em si, cheio de verde e vida. Ar puro.
Era um lugar bonito, mas me sentia tão ansioso e nervoso...

Na sala do diretor, passamos um bom tempo conversando e me sentia como um réu na corte, sentado entre meu pais, enquanto falavam de mim e de meus problemas.
Até que tudo foi finalmente resolvido, e, chegava a hora de eles partirem e me deixarem para trás...

- Se cuide e se esforce bastante, Taichi. Precisa Se acostumar, por que daqui pra frente vai ser assim pra você. - dizia minha mão, ajeitando minhas roupas, enquanto meu pai terminava de colocar minhas coisas no meu novo quarto. - Sei que vai se dar bem. Seu pai e eu também moramos sozinhos na faculdade, não é lá grande coisa. Você se acostuma.

Sempre me comparando a eles.
Acho que eles queriam ter uma cópia dos dois não um filho...

- Vamos? - meu pi chegou finalmente, olhando para minha mãe, enquanto a mesma entrava no carro. - Fique bem, filho. Não se preocupe com as despezas. Se precisar de dinheiro...

- Já sabe onde achar... - completei a frase antes dele. - Eu sei pai, eu sei...

Ele me olhou por um tempo, depois um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.

- Tchau, filho. Espero que se dê bem aqui.

E foi uma das últimas vezes que ouvi a voz deles.
Acho que, eles nãp me ligariam tanto quanto disseram que iriam...

Estava em meu quarto lendo um livro quando Aoba entrou e começou a falar como sempre

Aoba: está sabendo ? Tem um novo aluno na escola

- num... deveria me importar ?

Aoba: é estranho, nessa época, bem no meio do ano ?

-....

Aiba: enfim isso é estranho, vamos ficar de olho no novato, pode ser que seja algum demônio inferior

- tá, só me deixa ler o livro em paz

Ela continuou falando de como deveria realmente me preocupar, falou do dia cheio que pra teve, de como eu deveria cuidar do meu irmão pois ele poderia acabar matando alguém e ficou me enchendo com mais um monte de coisa não me deixando ler o livro, até que o sino de som grave como o de uma igreja começou a bater indicando o horário do jantar, fomos calmamente até o refeitório sem muita pressa eu lia o livro enquanto ela continuava falando, no meio do caminho nos encontramos com kesa e no refeitório cada um pegou seu prato como de costume

Kesa: hey, aquele lá no fundo não é o novato ?

Aoba: siim!

Mas a frente tinha um rapaz quieto sentado enquanto comia um pouco afastado do movimento

K: vou falar com ele!!

Aoba: eu também!!

Eles foram até o garoto e não tive escolha a não ser seguilos Aoba se sentou de um lado dele e Kesa do outro, quanto a mim apenas me sentei a sua frente

Aoba: oiiiiie novato, bem vindo a escola, me chamo Aoba

Kesa: e eu kesaran, pode me chamar de kesa, mas um gatinho como você pode me chamar como quiser

Senti olhares sobre e voltei no há atenção para frete e vi que me olhavam deu um suspiro e fechei o livro deixando-o sobre a mesa

- sou Yosuzume

Tinha tido tempo de ir até meu quarto, ajeitar algumas coisinhas aqui e ali antes de o sinal bater.
Havia ficado sabendo que os horários ali eram bem rigorosos e se perdesse um minuto, seria repreendido com aulas extras.
E o que eu odiava eram aulas extras...

Assim que cheguei a cafeteria, peguei uma bandeija, acabando por pegar um piu o de comida mesmo sem ter a mínima vontade.
Os olhares das pessoas caíam sobre mim, pois, havia me mudado no meio do ano letivo, e isso não era lá muito comum.
Fora a comoção que meus pais fizeram do lado de fora.
Não éramos ricos, nem nada disso, mas, ambos sendo advogados, mantinham a aprêcia a todo o custo.
Me sentia mal com isso... Podiam achar que eu era metido, riquinho ou filhinho de papai, poderim começar a pegar no meu pé e...
Não. Não pense negativo, nada disso vai acontec...

- Huh? - estava a meio caminho de colocar uma garfada de purê de batata na boca, quando uma turminha chegou perto de mim e se sentou ao meu lado.

Estava tão distraido com meus pensamentos que nem ao menos tive a oportunidade de perceber eles se aproximando.
Mas...
Eu sempre fui assim. A cabeça ia muito longe.

- A-aaah, e-e-eu... - fiquei sem papavras, olhando de um lado ao outro sem entender o que acontecia. - m-m-meu nome é T-Taichi. - dosse, tentando botar a cabeça para funcionar.

Era veteranos?
Provávelmente. Acho que queriam dar boas vindas.

Kesa: que fofo ele guaguejou...

Eles ficaram falando de como acharam o novato fofo o que era bem chato

- e então, em que ano escolar você está?

Comecei a falar com ele deixando aoba e Kesa falarem um com o outro, deixando minha atenção total no novato tentando pressentir alguma vibração sobrenatural

Tentei mentalmente decorar o nome de todos eles, mas era bem difícil quando se tinha nomes tão complicados assim.
Eram estrangeiros?
O único que me entrou na cabeça foi Yosuzume. Ele tinha um jeito meio... Assustador...
Enquanto os outros dois pareciam ser bem comunicativos, ele... Parecia ser alguém com quem eu não queria me meter, se maneira alguma.

- E-eu estou no primeiro ano... - desviei o olhar, um pouco nervoso. - Sou meio atrasado, haha. - ri daquilo como se fosse uma piada, mas não era.

Tenha confiança em si mesmo!
Pare de gaguejar, eles vieram te dar boas vindas!

- Meu nome é Nakano Taichi, estou no primeiro ano e me mudei pra cá hoje, muito prazer a todos vocês! - baixei minha cabeça, qiase barendo a testa na mesa. - E-espero que posso ajudar no que for preciso, como novato, senpai! - dizia tudo formalmente.

Me surpreendi com sua formalidade e seus pensamentos2eu pareço assustador ?
Aoba e Kesa que conversavam pararam ao ouvi-los e começaram a rir, Aoba passou um braço por seu ombro e Kesa fez o mesmo

Aoba: fico lesongeada de ser chamada de veterana

Kesa: como se ninguém á chamasse assim

Dei um sorriso fraco tentando parar parecer um cara assustador, mas creio que ficou ainda mais delinquente

- apenas Aoba é veterana, sempre reprova no último ano e está aqui a mais tempo que você pensa, quanto a mim e o kesa entramos entramos a pouco tempo, tive de resolver algumas coisas em casa e fiquei para trás em questão de estudo sendo que já era pra estar no terceiro

Aoba me direcionou um olhar de advertência de quem falou de mais, na verdade estávamos divididos nas séries cada um responsável por uma na ordem de idade, Aoba por já estar na escola a muito tempo ela ficou responsável por cuidar dos seres do terceiro que viviam misturados entres os humanos da escola... apesar de eu e Kesa sermos gêmeos e ele ser baixinho e fofinho com uma aparência de 8 anos ele ainda era mais velho que eu em um dia de diferença é por estar em ordem de idade ele ficou com os segundos anos e quanto a mim fiquei com o que restouvo primeiro ano

Talvez ser formal demais não era a melhor opção.
Eles pareciam mesmo ser mais amigáveis do que eu pensei de primeira, e isso era bom.
Será que finalmente iria conseguir amigos? Era cedo demais pra pensar nisso, eu acho.

Meu rosto ficou completamente vermelho ao ter ambos agarrados em mim. Não estava nem um pouco acostumado a esse tipo de coosa, mas não era de todo ruim.

- B-bom eu espero não causar nenhum problema. - abri um sorriso enorme, relaxando um pouco maos finalmente. - Espero que seja útil de alguma forma. Fico feliz de ter gente assim por perto agora...

Eles confirmaram com a cabeça e cada um se pôs a comer ficamos conversando por mais um tempo até o sino bater novamente indicando o toque de recolher, cada um se direcionou a um andar diferente por ser de anos diferentes e eu fui junto a ele para o corredor do primeiro ano com o livro na mão

- num... você mencionou ter reprovado, porque ? Se não for incômodo

Sei que já havia passado por esse processo de mudança várias vezes.
Muitas foram as vezes em que tive de me mudar devido a não conseguir acompanhar as aulas, focar para trás ou simplesmente por desistirem de mim, mas agora parecia diferenfe...
Meus pais não estariam mais ali. Teria que me virar sozinho, tinha de encarar o mundo como ele me encarava, e, adimito que estava um pouco apreensivo com essa nova vida.

Fiquei o mínimo aliviado no entanto, por estes três se aproximarem de mim, por eles terem tomado a iniciativa de virem conversar comigo, caso contrário eu não teria coragem de fazer o mesmo.

Conversamos por um tempo, comemos, falamos dobre a escola e eles me contaram sobre muita coisa.
O diretor rígido, um professor suspeito, uma gangue, onde ir e não ir. Era interessante descobrir essas coisas e bem útil, pois assim eu saberia onde ir e onde não ir.
Mas o tempo passou e o toque de recolher soou por toda a escola.

Estávamos alenas eu e o grandão no corredor dos quartos.
Uma hora ou outra alguém passava por nós, mas em parte tudo dstava vazio.
Era um pouco constragedor seguir aquele caminho apenas com ele. Não era muito bom de conversas, ficava ansioso com tudo.

- Ah. - mas ele começou a falar primeiro, e eu agradeci internamente por isso. - Erm... Bom... - dei um risinho sem graça, alisando os cabelos da nuca enquanto continuava a caminhar a seu lado. - Eu meio que... Não consigo acompanhar os estudos... - Não tinha problema algum em explicar pra ele, pois era normal ter esse distúrbio certo? - Eu tenho um problema... Que não me deixa concentrar, eu não me lembro o nome dessa coisa, mas... - cocei a cabeça tentando me lembrar. - Eu sou atrasado. Acabo sempre falhando nos exames, muitas vezes passei raspando. Haha... Eu vim pra cá no meio do ano por que meus pais decidiram que um tutor pessoal seria melhor... Me ensinar no meu tempo e, melhor para eu parar de atrapalhar os outros, entende? - dizia, meio sem graça, um sorriso bobo para disfarçar no canto da boca.

Caminhava tanto, distraído como sempre que já havia passado o meu quarto.

Senti Aoba e Kesa atrás de nos em uma boa distância nas sombras, eu caminhava com o novato até o fim do corredor onde era meu quarto, eu ouvia com atenção o que ele dizia, e por ser responsável por aquela série um processo já iria me colocar para ajudar o novato então apenas tomei a iniciativa

- se quiser posso te ajudar com o conteúdo, se não entender ou precisar de ajuda para algo

Tentei passar um ar de apoio mas acabei parecendo ainda mais duro e inflexível, suspirei soltando o ar e meu corpo amolecer todo fazendo finalmente com que eu parecesse um adolescente normal e conseguindo transmitir o ar de apoio

Parei de costas para a porra do meu quarto de frente para ele, a suas costas vi kesa segurar a mão de Aoba e se teleportar para dentro do meu quarto onde fez um barulhão, fiquei um pouco sem geito e de como explicar, abri a porta e dei uma olhada lá dentro vendo meus livros no chão, kesa em minha cama e Aoba impaciente, voltei minha atenção para ele

- ah... isso não foi nada, do meus livros que caíram no chão.... hum, voce acha que eu sou assustador?

Era um pouquinho estranho estar explicando minha situação para alguém que eu mau conhecia.
Geralmente mantinha meu problema em segredo, pois muitos achavam que era falta de força de vontade da minha parte, reprovar em tudo, não acompanhar as aulas e tudo mais.
Mas na verdade eu me esforçava como podia e mesmo assim nunca consegui ser bom o suficiente para ninguém, principalmente para meus pais.
A única coisa em que era realmente bom, eram esportes.
Ed. Física era a única matéria em que eu sempre tirava notas boas.

Meus olhos brilharam ao ouvi-lo no entanto.
Ficava cada vez mais surpreso com aquele rapaz, pois embora a cara de quem queria arrancar minha cabeça e usar como bola de futebol, ele parecia ser uma boa pessoa.
Ou ao menos estava tentando parecer uma.

- S-sério? M-m-muito obrigado senpai! Eu não sei como agradecer, eu... E-eu... - segurei em suas mãos, baixando minha cabeça bem baixo como se agradecesse-o com a minha alma.

Um barulho alto no entanto chamou nossas atenções, me fazendo olhar imediatamente para o quarto dele, a porta entreaberta.
Resolvi ignorar aquilo principalmente por que sua pergunta me pegou de surpresa.

- Eh? - olhei-o sem entender, tombando a cabeça pro lado um pouco, mas, bom... - N-não nem um pouco! Você não parece assustador, é só que...!!! - me perdia em minhas palavras o rosto ficando vermelho. - Na verdade sim, você é assustador e eu achei que iria me comer vivo quando sentou na minha frente hoje no refeitório. - disse tudo muito rápido e bem baixo, quase inaudível para ele.

Ri de seu comentário, muitos já me disseram que sou assustador, alguns até sentem medo e não se aproximam

- isso me traz muitos problemas as vezes, é que ti e de aprender a me virar no mundo e vi como ele é cruel o que fez eu ter essa aparência maléfica, mas ainda sei ser gentil, e tento não ser tão anti-social

Fechei os olhos cansado e levando minhas mãos automaticamente passando por meu rosto coçando os olhos e jogando minha franja que ficava sobre os olhos, para trás, abri os olhos novamente desta vez com o verde esmeralda mais exposto e descansei a mão pendurada na nuca com o cotovelo sobre o peito

- já está tarde, daqui a pouco vão passar mandando os alunos que ainda não entraram para ver o diretor, acho melhor você ir para o quarto... ah, e pode me chamar de Yosuzu, é estranho ser chamado de senpai...

Fiquei surpreso ao olhar para ele novamente.
Pasmo, pra dizer a verdade...
Não consegui desgrudar meus olhos dos seus no momento em que pude vê-los nitidamente.
O verde chegava a brilhar no escuro como duas esmeraldas lapidadas. Era simplesmente hipnotizante...

Mas logo meus pensamentos foram dispersos, quando ele tocou no assunto do horário.
Realmente não queria arranjar problemas no meu primeiro dia naquele lugar.
O diretor iria ligar para meus pais caso algo acontecesse e com certeza ficaria no meu pé por um tempo.

Me afastei alguns passos, um sorriso meio bobo no rosto, constrangido quase, emquanto baixava meu olhar.

- M-muito obrigado de qualquer jeito, senpa... Quer dizer, Yosuzume-kun. - disse, rindo um pouquinho, passando as mãos pelos cabelos prateados que insistiam em ficar pra cima. - Meu quarto é logo ali virando o corredor. Obrigado mesmo, espero que não seja um incômodo pra você. Vamos nos dar bem eu espero. - fiz um "joia" com o dedão, abrindo um sorriso maior para ele. - Boa noite!

Corri para meu quarto, quase aos pulos de alegria.

Talvez aquele lugar não fosse assim tão ruim.
Ao menos minhas primeiras impressões foram uma das melhores.
Conheci pessoas que me pareciam muito boas e de primeira encontrei alguém que iria me ajudar com os estudos.

Talvez, mas apenas talvez, tudo ficaria bem pra mim pela primeira vez na minha vida.

Só entrei no quarto quando ele virou o corredor, assim que adentrei o quarto comecei a catar meus livros esparramados

Aoba: já dando em cima do novato ?

- não, apenas usando algumas táticas, voce disse que desconfia dele certo ? Vou ficar de olho

Me levantei do chão com os braços cheios com meus diversos livros e os coloquei em um canto entre a comoda e a parede onde tinha quatro fileiras de livros na altura da cômoda

K: não quero dividir o nii com mais ninguém....

Me sentei na cama também ao lado de kesa que já estava deitado na cama de casal que eu havia pego em casa e trouxe para escola escondido, claro.

- afinal, o que você quer?

Ficamos um tempo conversando sobre algumas coisas e quando deu 21:00 nos despedimos e cada um foi olhar os corredores de suas séries

Aoba: nos vemos na sala do diretor...

E assim foi, afinal éramos os monitores, passei em corredor por correr dos primeiros anos pegando alguns alunos fora de seus quartos no total uns três e os encaminhei para sala do diretor onde me encontrei com kesa e Aoba cada um com uma certa quantidade de alunos, deixando todos na sala do diretor voltamos cada um para o devido quarto, já no meu quarto kesa estava lá e assim ambos dormimos juntos como sempre, pelo costume de desde crianças

A porta do quarto se fechou e finalmente estava a sós.
Era estranho, pois desde sempre eu passei a maior parte do tempo sozinho em casa visto que meus pais nunca estavam lá, mas agora, estar sozinho nesse quarto, era um pouco assustador.
Parecia uma criança quando dormia a primeira noite longe de casa. Tinha um sentimento ruim de solidão ali. Queria ligar para minha mãe e pedir pra ela vir me buscar, mas, ja não podia fazer isso.

Com um longo suspiro, tirei as malas de cima da cama, colocando-as sobre o chão, onde abri-as e tirei algumas coisas.
O quarto era bem bonitinho até.
Bem ajeitado, uma cama boa, banheiro e uma pequena cozinha. Como numa faculdade eu acho? Nunca havia chegado nem perto de uma pra saber mas era o que me contavam.
Arranquei a roupa, ficando de cueca mesmo e me deitei na cama macia, olhando pro teto por um tempo.

Era tão silencioso ali.
Ouvia o barulho do vento do lado de fora, as árvores balançando bem do lado de fora da janela.
Me sentei um instante, abrindo-a levemente para olhar la fora e deixar um pouco de ar fresco entrar.
O céu ali era bonifo. Por ser afastado era bem estrelado.

- Espero que tudo dê certo... - disse a mim mesmo, me deitando e fechando os olhos finalmente.

O sino bateu as seis em ponto acordando a escola inteira, kesa se arrastando se teleportou de volta a seu quarto e eu para o banheiro, fiz minha higienes e tomei um banho de agia fria, vesti o uniforme e olhei meus horários atrás da porta, hoje não teria a primeira aula então eu poderia ir para a biblioteca, então teria seis aulas atarde e por último educação física.

Um pouco sem o que fazer fui para a cafeteria sem ter fome, mas infelizmente a escola obrigava os alunos a terem as quatro refeições por dia e não liberava ninguém do refeitório enquanto o horário de refeição acabasse, mas eu tinha meus metodos.

Peguei uma maçã na fruteira do refeitório e me sentei no canto esperando passar um tempo até que o local estivesse bem cheio para eu poder escapar.

Por incrível que pareça, eu dormi bem rápido aquela noite.
Por ser a primeira longe de casa, achei que não conseguiria pregar os olhos, mas no fim, talvez estivesse cansado demais da longa viagem, então acabei capotando, literalmente, na minha cama.

De manhã cedo, o alarme soou em toda a escola, quase me derrubando da cama onde estava completamente enroscado nas cobertas.
Sempre tive um sono pesado, mas aquele alarme infernal parecia tocar bem no meu ouvido.
Com muita preguiça e esforço pra levantar da cama, foz como pude.
Lavei o rosto, vesti o uniforme, e, bom, olhando em meus horários das aulas, teria um dia bem cheio e tedioso pela frente.

As sete em ponto, todos na cafeteria.
Café da manhã obrigatório, e sim, eu estava morto de fome.
Não conseguia evitar os olhares sobre mim, e isso me incomodava visto que havia muita gente ali, mas acabei pegando minha bandeija, sentando na mesma mesa do dia anterior.
Antes de dar a primeira garfada no entanto, um grupo de garotos se aproximou, todos sorridentes e aparentemente "amigáveis".
Eles jogavam conversa fora, perguntavam sobre mim, e, as poucos acabaram pegando tudo o que tinha no prato...

Bom...
Eu não estava com fome mesmo...

- Valeu pela comida, novato, a gente se vê por aí!

- É a gente se tromba!

Eles diziam, saindo de perto e rindo entre si.

C-claro.
Eram apenas pessoas tentando fazer amizade, nada demais.
Eu precisava ter amigos ao menos uma vez na minha vida.

Comia minha maçã calmamente enquanto observava o fluxo da cafeteria vi Aoba dar uma bronca nos meninos que pegaram a comida do novato e logo ela o trouxe para minha mesa

Aoba: cadê o kesa ?

- não está com voce ? Oi Taichi

Aoba: porque aqueles abestados são do segundo que ele é responsável

- você vai falar pra ele depois de qualquer jeito então deixa ele quieto

Me levantei e fui até o balcão pegando uma bandeija e colocando na frente do novato voltando a me sentar no meu lugar novamente

Fiquei surpreso quando um dos garotos do dia anterior, se aproximou de mim e me levou para a outra mesa junto dos monitores.
Era engraçado como os cochichos começaram a partir do momento em que fiz, no entanto.

"Ele vai sentar com os monitores?"
"Olha lá o que ta acontecendo."
"Isso é novodade."

Não gostava de tanta atenção assim, mas, haaah... Era melhor estar com eles do que com más companhias.

- Obrigado... - agradeci com a cabeça um pouco baixa, olhando pra comoda sem muita vontade agora. - Vocês estão sendo muito bons comigo. Obrigado, senpais. - abri um pequeno sorriso escondido.

Precisava ser mais confidente.
Era minha vida agora.
Precisava me
Virar sozinho.

- já falei pra não me chamar de senpai é estranho

Aoba se sentou e pude ver que a cantina já estava bem movimentada, olhei o relógio a essa hora a biblioteca já estaria aberta

- bom, seres, está na minha hora, vou indo...

Me levantei terminando de comer a maçã e me misturando entre os alunos e logo me tele portando diretamente para a porta da biblioteca

Haaah...
Não podia simplesmente ficar dependendo dos monitores pra cuidar da minha vida.
Longe de mim ser pessimista, apenas... Eu precisava me virar um pouco sozinho.
As pessoas não gostavam muito de ficar perto de mim, e se eu começasse a depender muito delas, acabaria afastando todos de novo.

Mexi um pouco na comida, umas duas garfadas na boca sem dizer uma palavra novamente.
Todos pareciam se dispersar agora, junto com Yosuzume que logo se retirou, deixando-nos a sós.

De alguma forma sentia que ele não gostava muito de mim. Ou apenas não gostava de ter pessoas por perto.
Não havia nada de interessante em mim de qualquer forma.
O motivo pelo qual estavam com seus olhos encima de mim, era por que eu era o garoto trasferido, nada mais. Com o tempo me deixariam em paz e eu continuaria a viver minha vidinha medíocre.
Talvez devesse me esforçar mais e deixar o senpai em paz. Eu não valia o esforço dele.

- Yosuzume-kun... Ele... - comecei a falar depois que o mesmo se retirou, dirigindo a palavra ao outro. - Não é de muitos amigos não é? - perguntei, brincando com a comida no prato. - Quero dizer. Ele não parece muito amigável de qualquer jeito. Ou apenas estou enxergando coisas onde não existem.

Depois que ele saiu continuei comendo esfomeada doida para dar uma surra em alguém quando o novato começou a falar

- hum ? Nao, ele... só é beeeeem anti-social, diz que prefere os livros ao invés das pessoas, ele só é bom com o kesa, mas se você conversar com ele é conseguir sua confiança logo você pode se tornar um amigo querido pra ele, assim como eu também sou uma amiga que ele confia

Não havia colocado muita confiança em suas palavras no entanto.
Aliás, eu não era lá muito confiante com qualquer coisa.
Pra mim ja era difícil o suficiente acreditar que eu era capaz de fazer qualquer coisa por si só, quem dirá virar amigo de um cara antisocial.

Mexi mais um pouquinho na comida, uma mão apoiando um lado de meu rosto enquanto eu pensava.
Olhava direto para o garfo, separando uma ervilha das outras, deixando aquela completamente sozinha.

Na outra escola eu havia sofrido bastante.
Foi a que eu passei mais tempo. Mas sempre era excluído de tudo, deixado de canto, e, mesmo meus "amigos" acabavam me magoando sem saber.
Lembrava-me que uma vez, fizeram uma pequena festa na sala de aula e, não me convidaram.
Disseram que eu não podia entrar, e, que esqueceram de me dar o convite, fazendo pouco caso disso tudo.
No fim, eu apenas sorri e disse que tava tudo bem.
Não era bom fica pensando nessas coisas.

- Tudo bem, eu não acho que vá da certo de qualquer jeito. - disse baixinho, num resmungo, enquanto me levantava dos bancos. - Preciso ir. A aula vai começar, e eu não quero me atrasar no primeiro dia, ainda preciso achar minha sala. - disse a ela com um sorriso enorme no rosto. - Obrigado por tudo, e, até mais tarde! - levava a bandeija até o balcão, me retirando finalmente daquele lugar claustrofóbico.

Eu sempre fazia isso.
Abria um sorriso quando precisava esconder alguma coisa.
Eles não eram meus problemas. Eram amigos. Ao menos estava tentando fazer com que fossem.
Era apenas que meu passado não era lá muito feliz.

Passei o primeiro horário na biblioteca terminando de ler o livro que tinha começado uma vez
Depois indo para as outras aulas tediosa até dar o horário de almoço

Não foi muita novidade pra mim, durante as aulas.
Aquela coisa de se apresentar para a turma ja não era tão assustador assim, pois já havia feito muitas vezes antes.
As aulas foram chatas, em maior parte passei olhando pela janela, perdido em pensamentos que nem sabia que tinha.
O professor chamou minha atenção algumas vezes, vez ou outra falavam comigo aqui e ali, mas nada realmente relevante.

Por fim, algumas horas de descanso antes das últimas três aulas.
O período integral estava me matando no entanto. Estudar estudar e estudar o tempo todo acabaria me deixando maluco.
Na cantina, que começava a se enxer, peguei minha bandeja, procurando um lugar para me sentar.
Ainda não via Yosuzume e seus amigos, mas acabei por achar uma mesa vazia.
No momento em que me sentei no entanto fui rodeado dos mesmos rapazes de antes, um ruivo que parecia ser o líder e mais quatro.
Da mesma maneira eles sorriam como se fossem meus amigos, e eu me sentia ligeiramente intimidado...

- Então garoto novo, primeiro dia de aula. Como foi passar uma aula inteira com o professor pedófilo?

- O que? - perguntei, sem entender direito.

- Éee cara, o professor de história. Aquele de óculos e cabelo sempre penteado. Não sabia que ele ja comeu uns moleques daqui? - o ruivo dizia com um sorriso no rosto, passando um braço por meu pescoço. - Dizem por aí que ele transava com um menino de 15 do primeiro ano. E outro de 17 do terceiro, alguma coisa assim.

- E-eu não sabia... - respondia apenas.

Aquela conversa era realmente desagradável.
Um professor fazendo isso? E se sabiam por que não mandarem ele embora?

- Não sabia? - ele passou o dedo sobre o molho do meu prato, lambendo o mesmo em seguida. - O loiro aqui disse que viu ele olhando pra você o tempo todo. - apontou para seu amigo que também estava na mesma sala que eu.

Por algum motivo aquilo subiu um arrepio enorme sobre meu corpo.
Não era certo deixar um homem como este ainda trabalhar aqui...

Por fim acabaram pegando minha comida toda, aproveitando meu momento de distração.
Sinceramente não me importei muito pois com aquela notícia neu estômago se revirou...