* Meu querido colega de trabalho *

É maravilhoso a sensação de entrar no seu ambiente de trabalho e todos alí te ver como um mestre, afinal, não tenho doutorado em ciências contábeis para ser considerado mais um contador qualquer.

Assim que termino de analisar as finanças da empresa vejo que chegou a hora de eu ir embora, já que eu fico pouco tempo na empresa, pois a maior parte dos problemas consigo resolver em casa.

No meio do caminho vejo Naori, o menino da informática, como o pessoal do prédio fala, responsável pela manutenção dos computadores, e o qual já precisei muito de sua ajuda. Me viro em direção ao rapaz de cabeleira branca e puxo assunto.

- Bom dia Naori, espero que nenhum computador tenha explodido está manhã.

Mais um dia cansativo se inicia, é um pé no saco tantas pessoas me chamando, ironicamente ainda há pessoas em uma grande empresa de tecnologia que não sabem passar um antivírus num raio de computador.

Não posso reclamar pois este lugar é o que me sustenta e também foi a minha oportunidade de emprego depois que fui colocado pra fora de casa como um cão sarnento pelos meus tios. Na realidade, o motivo de eu estar aqui é o senhor Thalles, que gentilmente me colocou na equipe e me acolheu, me ajudou com alguns cursos a mais.

Enfim, voltando à sala do menino nerd, no caso eu, me deparo com o senhor Thalles, o turista da empresa, então o respondo no mesmo tom irônico e sarcástico.

-Senhor Thalles, bom dia, ainda hoje teve zero incêndios, mas teve 5 tentativas de montar um aras no computador da empresa. Sabia que o comércio de cavalos estão em alta?

-Cavalos digitais, que maravilha! Espero que você possa dar conta dos meus mais tarde, estão acabando com meus jogos online.

Deixo um papel na mão do garoto com o meu número e endereço, e entro no elevador com um sorriso de despedida para o garoto. Foi até bom eu ter chamado ele pra trabalhar aqui, precisávamos de mais um técnico na equipe, vejo que ele tem feito seu trabalho bem.

Enquanto pensava no que aconteceu com o garoto, eu chego até o estacionamento, abaixo da empresa e vou em direção da minha BMW i8, desativo o alarme e vou em direção da minha casa.

- Senhor Thalles, com todo respeito, o único aras que você pode montar é nos motores dos seus carros.

Seguro o papel que ele me dá e olho rapidamente no papel, quando vou confirmar o horário, ele já estava no elevador, sorrindo enquanto a porta fecha. Que seja, depois eu tenho que mandar mensagem pra ele mesmo.

Como eu não sou pago pra ficar em casa todo maravilhoso, volto ao meu teu, destravando os computadores e fazendo manutenção de outros, mesma rotina fodidamente tediosa de sempre.

Vou em direção ao bairro nobre da cidade, aonde eu moro, estaciono o carro na garagem. Minha casa é considerada modesta já que tem um andar e não é tão grande quanto as demais, para um cara solteiro isso aqui está de grande tamanho.

Entro na sala, toda em cores marrom, bege e preto, dando um ar sofisticado, e coloco meus pertences na mesa, tiro a maior parte da minha roupa, ficando apenas de cueca, jogo as roupas no banheiro e vou para o escritório ler alguns emails.

Na pausa para o almoço, vou até um restaurante perto da empresa e peço um Yakisoba, escolho uma mesa para esperar o pedido ficar pronto e mando mensagem no celular do Sr Thalles.

"Sr Thalles, é o Naori, posso passar aí depois do expediente? Pra ver aquele seu problema?"

Escuto o barulhinho de mensagens e abro o aplicativo de mensagens no computador e vejo que era um número desconhecido, abro para ver e era Naori.

"Pode sim, quando você chegar me avise antes. Preciso me arrumar para o evento"

Mando a mensagem enquanto término de por os e-mails em ordem e vou ver minhas ações, como estavam.

Se arrumar pra me ver? Piada.

Volto para o trabalho e quando saio da empresa pego um ônibus e vou até o endereço do senhor Thalles, paro na frente da casa dele, pelo menos é o que está escrito no papel, em seguida eu chamo pelo seu nome.

Vou pro banheiro tomar um banho rápido, enquanto estou no banho, escuto a campainha, solto um berro do banheiro mandando entrar. Em seguida saio do banheiro com um short de academia e olho para o garoto com olhar de reprovação.

-Foi só eu falar que tenho um aras em casa, não é mesmo Sr. Naori?

Escuto sua voz abafada e entro, com a minha mochila nas costas, seguro a alça e fico olhando para as paredes em tons bege e preto que havia na casa, em seguida aparece o Thalles com o peitoral músculos de fora e de short de academia. Esse desgraçado é tão bonito sem aquelas roupas engomadas... Escuto a voz dele porém não entendi nada.

-Senhor Thalles, desculpa, mas eu não entendi.

- Eu falei que você está desesperado pelo meu aras, meus vírus.

Meu corpo está todo molhado, porém seco só o cabelo e continuo a falar.

-Não tô com vírus, queria saber como anda as coisas com você lá.

Termino de secar o cabelo e coloco a toalha no banheiro.

-Desculpa fazer você trazer os equipamentos, sente-se.

- Sim, verídico, aonde... QUE? QUE CARALHO THALLES! VIM CORRENDO!

Esse fodido está tirando onda da minha cara? Que merda ele quer???

-SE QUER ME COMER ANDA LOGO, PARA DE JOGO, CARALHO!

-Olha os modos, sou maior e mais velho que você em todas as formas, se você está com vontade, apenas fale.

Olhei de forma irônica para o rapaz, tenho que colocar esse pivete na linha, mas vai ser difícil.

*murmurando* Mas é uma buceta mesmo, aonde vim parar.

-Não tô com vontade de dar. *Falando mais baixo* mas com esse corpo...

- Sim, foram horas de academia, agora sente-se.

Vou até a cozinha e sirvo dois drinks de vodca, voltando para a sala de estar, entrego um copo para o jovem e volto a falar.

- Como anda as coisas por lá? Você poderia ser menos rude.

Dou um gole na bebida e respiro fundo, esperando o jovem responder minha pergunta.

Pego o copo e viro a bebida de uma vez só, se este maluco vai me embebedar, que lide com as consequências.

- As coisas por lá está bem, obrigado.

Mexo o copo de forma impassível, suspeitando de alguma droga na bebida.

- Espero que está bebida não esteja batizada, se não te denuncio.

Dou o último gole na bebida e vou até a cozinha, pegando uma garrafa de bebida lacrada e volto para a sala, servindo o uísque.

- Vou abrir meu uísque na sua frente, já que suspeita tanto de mim. Se eu falar um "a" aparece nas colunas sociais, não seria Inteligente da minha parte te drogar.

Sorrio de forma perversa e me sento, servindo mais um copo pra mim.

- Quase dois anos conosco, quem diria?

Tiro a minha blusa de frio deixando transparecer meu pescoço e braços tatuados, que infelizmente minha blusa deixava transparecer. Pego o copo dando mais um gole demorado.

- Você parece ser doido as vezes, mas ainda bem que dinheiro limpa a merda que acontece.

- Quer brincar de insultar porque não está na sua área, sendo assim, quando está em território alheio é incapaz de demonstrar sua autoridade. Aqui funciona assim, estou sendo gentil e você está prestes a se dar mal, reveja suas emoções.

Bebo todo o líquido do meu copo e complemento a fala.

- Em território de Alpha você não tem vez, aprenda quem está no controle sou eu. Gostaria de um pouco mais de respeito da sua parte.

- Você Alpha? Sério? Só dentro do seu escritório, sua pinta de bom moço é péssima para sua reputação de homem autoritário.

Me levanto pegando minha blusa e mochila, não vou ficar jogando papo fora com esse filho da puta, já deu pra mim!

Antes que o garoto pegue a blusa, seguro seu pulso na altura do queixo, e evitando que saía daqui.

- Escuta aqui, eu bem sei como essa história termina. O garoto que foi abandonado pela família está morando na rua, temos duas soluções, ou esse cara morre na rua com um tiro na cabeça, ou vai dar palestras de como ser bem sucedido.

Jogo Naori no sofá em seguida seguro seu queixo, olhando para seu rosto.

- Eu bem poderia ser o cara que iria enfiar a mão na sua cara de vadia, mas não quero isso. Aprenda Naori, eu mando até no meu chefe, não vai ser um burro de carga que vai falar o que eu sou o deixo de fazer.

Fico olhando para o garoto ainda segurando seu rosto, observando e me deliciando com sua feição de medo.

- Eu tentei ser bom pra você, mas você confundiu bondade com retardo. Se tem uma coisa que eu não sou, é trouxa de gente que não tem aonde cair morto. Reveja suas atitudes.

- Mas que....

Seguro o braço do Thalles com as duas mãos, parece que ele seria capaz de estourar meu crânio só com uma mão, depois que ele termina de falar fico parado pensando na merda que acabou de acontecer.

- Você me chamou pra que? Pra me bater? Me comer? Ou jogar na minha cara que eu sou um verme?

- Ah minha criança.

Passo o polegar sobre seu lábio com um sorriso perverso no rosto.

- Queria tentar uma aproximação, mas você parece um cachorro de rua que quer atacar para se defender, de tudo e todos.

Coloco mais bebidas em nossos copos e dou um gole no uísque.

- Queria saber se você gosta de lá, nunca te vi em um evento com o pessoal de TI.

- Não vou com a cara deles, mas gosto do trabalho.

Demoro um pouco para matar outro copo de bebida, volto a pensar no que esse cara quer comigo.

- Você quer alguma coisa a mais, o que é?

- Eu só quero conversar, mas se você quer alguma coisa a mais, estou aqui.

Encosto minhas costas contra a poltrona, cruzando os braços atrás da cabeça.

- Não precisa de medo, a pior parte já passou. Você só precisa saber o seu lugar, mas já entendeu como a banda toca.

Estico os braços como quem estivesse acordando, mostrando meus músculos se contrair e volto a beber.