Melancolia Passageira

Relembrando a primeira mensagem :

Me deitei encolhido embaixo da coberta e ao ver ele de cara amarrada abri os braços chamando por ele manhoso com a voz doce e melosa.
- venha meu cãozinho carente, irei te aliviar.

Ele voltou mais rápido que o esperado e me pegou no colo com cuidado, pelo menos foi em um momento que não estava com tanta dor, no andar de baixo estava Sophi pronta para nos acalmar e me fez várias perguntas, quando terminou ela sorriu o que me deixou confuso e receber a notícia de que estava em trabalho de parto foi um choque.
- hã? Mas mas, a bolsa não devia estourar e um líquido escorrer? E e e por onde elas vão sair? Aquele doutor não disse nada sobre gêmeos nascerem antes....
Lembrei do médico extrangeiro que tivemos uma consulta anônima e que queria me dissecar para estudo.

Sophia: deve demorar um pouco ainda, nunca vi um homem grávido, e nunca vi um hermafrodita, então não sei como vão ficar, mas acho melhor descer até a toca do curandeiro e esperar lá.
Dou a mão para o Rael esperando que ele me desse a mão como se concordasse de ir até lá, porém não iria força-lo a andar até lá. Assim que ele pega a minha mão, fico em sua frente e o pego no colo com jeito, Sophia olha pra mim e solta um riso.
Sophia: você é muito babão, Thalles, é alí em baixo.
Fico corado porém continuo com o garoto em meus braços e vou andando até a cabana do curandeiro.

Fiquei com medo do que pudesse acontecer e tremendo segurei a mão de Thalles ainda segue nado forte sua mão enquanto era levado até o curandeiro.
Por ser tarde parecia que estava dormindo, mas bastou duas batidas na porta até um homem todo tatooado e remendado aparecer, Thalles explicou a situação enquanto ele nos mandava entrar levando até um quarto cheio de plantas e frascos.
Eles discutiam como fariam meu parto sem equipamentos necessários e discutiam por eu ser homem o que complicada ainda mais a situação. Sophi veio com a brilhante ideia de uma Cesária, e me deu algumas folhas desconhecidas para mastigar. Eu já não entendia mais nada do que o curandeiro conversava com Sophi, eu só mastigava as folhas chorando pela dor que sentia, pedindo para meu marido ficar o mais próximo de mim o possível.
- Thalles...

Me aproximo do Rael que estava deitado em uma cama enquanto mordia algumas folhas que aliviava as dores por longo período. Vejo seu rosto corado e me ajoelho perto da cama seguro uma das suas mãos e passo a outra mão em seu rosto, olho fixamente em seus olhos e falo baixinho.
- vai ficar tudo bem, não vou deixar nada de ruim acontecer com vocês.
Dou um beijo em seu nariz e o vejo o Rael aos poucos cair no sono, na mesma hora a Sophia e o curandeiro apareceu no lugar com as coisas que precisavam para fazer a cesária, continuo ao seu lado enquanto preparava as coisas e ao simples sinal a Sophia confirmava que estava tudo pronto, fico com o Rael só mais um pouquinho e logo saio do quarto para começar a fazer o parto, no lado de fora da cabana Elly estava com um pijama velho, com o cabelo bagunçado, acordou as pressas para acompanhar o nascimento das garotas comigo. A recebo com um abraço apertado, e ela me ofereceu um sorriso de como quem entendia o nervosismo.

Minha boca estava cheia de folhas, não conseguia falar nem mesmo sentindo meu corpo, estava tonto pelo remédio das plantas e meus dedos dormentes, não encherga vai direito, mas vía Sophi e o Curandeiro, logo se tornaram apenas borrões pretos e não conseguia mais manter meus olhos abertos, estava nervoso e nem sabia mais se ainda estava chorando ou como Thalles estava.
Me tranquilizei quando um choro alto e agudo de um bebê rompeu o silêncio, seguindo pelos choramingos do que parecia de um cãozinho, escutei Sophi gritar "Nasceram! " E simplismente apaguei, dormi num sono profundo.

Estava no lado de fora com a Elly conversando sobre as coisas e escuto um chorinho de filhote em seguida de um bebê, fiquei confuso com aquilo e logo a Sophi anunciou que as meninas nasceram, entrei sozinho na sala e vejo Safira no colo na Sophia enquanto o curandeiro terminada de dar banho na outra menina, pego a Safira no colo com cuidado e olho seu rostinho corado com bochechas bem gordinhas e começo a chorar de felicidade, olho paro o lado e vejo o Rael dormindo, logo a Sophia me acalma falando que era efeito do remédio e que estava bem. Entrego a Safira para a Sophie e vou em direção da Diana, era dela o chorinho de filhote, suas orelinhas e rabinho estava aparentemente e dei um largo sorriso ao ver sua pelagem meio acinzentada e vou em direção da Sophi, com as meninas no colo, começo a falar em uma linguagem antiga selando um rito de proteção e Sophi cantava baixinho na língua das bruxas o mesmo rito.

Quando acordei já estava de dia, sentia como se um rolo compressor tivesse passado por cima de mim, ainda não conseguia mexer meu corpo, mas conseguia mexer a cabeça, olhando envolta pude ver que o quarto estava organizado tudo de volta no lugar, mas em lugar algum e vía as meninas, nem Sophi, nem o curandeiro, muito menos Thalles.
Tentei me sentar mas minha barriga doeu, finalmente senti a dor da Cesária e as lagrimas foram inevitáveis, cai para trás voltando a deitar.
Gaya: calma garoto...
- Gaya...
Murmurei fraco o nome dela.
Gaya: ainda está fraco, continue deitado... te mantive funcionando mas também estou fraca.... espere pelo seu príncipe encantado....
A voz dela também estava fraca e então se calou o que me deixou ainda mais nervoso por ter que esperar.

Sophia falou que o Rael precisava descansar e eu também, não queria dormir, estava agitado com as meninas, porém acabei que dormi no quarto ao lado com a Diana deitada no meu peito e safira aninhada no meu braço, dormi um pouco até acordar com a safira reclamando e um cheiro forte de algo morto.
Acordo e me levanto com cuidado deixando a Diana deitada na cama e chamo a Sophia para me ajudar a ver o que estava acontecendo com as meninas, Sophia começou a rir do meu desespero e só falou.
Sophia: isso se chama coco, e você deve limpar.
Dei um sorriso amarelo e peguei a safira para limpar com ajuda da Sophi que me guiou como fazer as coisas. Quando terminei de trocar a Safira, Diana começou a chorar e fui cheirar ela e estava limpa, só foi pegar no colo que ela parou.
Sophia pegou a Safira e fomos no quarto do Rael ver como ele estava, minha mãe deixou um chá para o Rael para aliviar suas dores e eu me aproximo dele beijando seu rosto.
- bom dia amor! Você está bem?

Estava quase voltando a dormir quando a porta abra e muita luz entra e ao ser fechada consigo ver Thalles com um bebê no colo e Sophi logo através com outro, meu sono passou quase de imediato e sorri sabendo que eram nossas filhas queria levanta e pega-las no colo e apertar num abraço mas não conseguia.
- bom dia... Ah, sinto que passaram com um rolo compressor e me dividiram na horizontal....
Minha voz ainda estava fraca, e também me sentia fraco mas não aguentava ficar ali, queria levantar, pega-las no colo, abraçar Thalles e ser mimado.
- me ajuda a levantar?
Estendi os braços pedindo apoio.

Coloco a Diana num berço que tinha do lado da cama do Rael e o coloco sentado com cuidado na cama, em seguida o abraço com carinho e selo seus lábios com o meu, depois de ficar um pouco com meu garoto, pego a bebê e coloco em seus braços e a Sophia me entrega a Safira, com isso ela sai da sala e deixa nos dois a sós com nossas filhas. Passo o dedo indicador de leve no rostinho da Safira e falo baixinho.
- Ainda parece um sonho não consegui processar até agora

Thalles me ajudou a sentar me deixando meio inclinado para não abrir a Cesária, recebo carícias dele me acalmando, o abracei e dei vários beijinhos e então ele me passou a bebe que estava em seus braços pegando a outra que estava com Sophi.
- ah dor esta bem real pra mim....
Me surpreendo por ela ter orelhinhas e um rabinho, lembro que brincamos caso nossas filhas nascessem transformadas, mas pensei que só crianças mais velhas podessem se transformar.
- por que ela esta com as orelhinhas e o rabinho? Ela pode se transformar tão nova assim?
Passei meus dedos pelo rabinho fofo dela e as orelhinhas com o pelo fino que se mexeram quando toquei.

- tem algumas que nascem assim e depois some por um tempo, ou continua assim até ela ficar mais velha, tem muitas coisas que acontecem.
Me arrumo na cadeira ainda com a safira no colo, fico um pouco mais próximo do Rael e escuto ele reclamar de dor por um momento e fico um pouco chateado por não ajudar.
- você precisa de alguma coisa? Quer que eu arrume algo pra te ajudar a aliviar as dores? Eu não sei muito o que fazer, mas posso procurar ajuda

Escutei o que dizia enquanto portava as mãozinhas da pequena era tão molinha como uma massa de pão antes de assar.
- eu.. Não sei... Se tiver como aliviar as dores eu aceito.
Mudo a bebê de posição beijando a bochecha minúscula dela com cuidado para não ir no olho.
- então você é minha Diana. Quietinha assim nem parece aquela bebezinha que acertava minha Bechiga.

- acredito que tem como fazer uma pomada natural, e alguns chá que possa aliviar, já vou atrás pra você.
Digo enquanto olho a Safira dormindo e aperto levemente suas bochechas e recebo um enorme sorriso banguela. Olho para o Rael como se tivesse estrelinhas brilhantes dos meus olhos achando aquilo incrível.
- você viu? Conseguiu ver??? Quer que eu faça de novo?

Ri com a sua reação e acordei Diana no berço ao lado pedindo Safira agora.
- seu babão, me de ela e vê com a Sophi.
Falei ainda rindo, ele me passou a pequena e enquanto foi atrás de Sophi apertei as mãozinhas de Safira e dei um beijinho na bochecha dela também. Tentei alcançar Diana no berço, queria ficar com as duas no colo, mas por estar com Safira o movimento que fiz doeu então voltei a posição que estava antes com Safira no peito, mesma quando encostou em mim ficou esfregando o rostinho desesperada como um filhotinho atrás de peito.
- ah meu Deus... Não, calma eu não sei como fazer isso....
Mudei a posição dela e Safira começou a chorar, com o choro da irmã Diana também começou a chorar, e eu tentava acalma-las sem conseguir me mecher muito.
- não... Esta tudo bem, estou aqui, a irmãzinha esta bem, não chorem....
Balancei Safira como pude para tentar acalma-la mas do chorava cada vez mais forte junto de Diana. Eu não havia passado nem dois minutos direito com minhas filhas e elas já choravam alto.

Entreguei a pequena para o Rael e fui conversar com a Sophia a respeito das coisas que poderia fazer para aliviar as dores do Rael, quando ela começou a falar, fui correndo para o quarto depois de ter escutado as meninas chorarem, olho fixamente para o Rael como quem perguntava o que estava acontecendo e pego a Diana no colo tentando acalma-la, passo a mão de leve nas costas dela gerando calor mas ela ainda estava chorando, sinto o cheiro da frauda mas ainda estava tudo em ordem.
- eu acho que é só com você que isso resolve.

Fico aliviado em ver Thalles entrar no quarto e pegar a Diana mas mesmo assim elas não paravam de chorar.
- elas estão com fome... Mas...
Eu não sabia amamentar, nunca fiz isso antes, como faria agora? E me doía mais doque o corte ver elas chorando por fome. Com uma mão segurei Safira contra o peito meio que no ombro e com a outra comecei a puxar meu blusão de baixo para cima, tinha que tentar Alimenta-las.
Vi o corte enfaixado com tiras brancas limpas e deixas de ervas por baixo, puxei mais até chegar ao meu mamilo tirando um braço para fora do blusão deixando meio tronco meu exposto.
- espero que dê certo...
Troquei Safira de braço e quase de imediato ela achou o bico sugando desesperada a fazendo parar de chorar, mas aquilo, doía pra um caralho e me contive em chingar ao morder minha mão.

Enquanto o Rael dava leite para a safira, tento distrair a Diana, mas a distração não adiantou tanto assim depois que senti o cheiro forte.
- vocês acham que sou pinico? É brincadeira!
Vou até o trocador e começo a limpar a pequena como havia aprendido e por fim aperto de leve a bochecha da Diana murmurando.
- porque nasceu com cauda? Hm? Sou pra dar trabalho, não é?
Aperto sua bochecha de leve e pego de volta no colo, me sento do lado do Rael e beijo seu rosto.
- logo a gente sobre pra cabana, mas preciso arrumar as coisas lá ainda...

Vi Thalles saindo e enquanto limpava Diana fiquei choramingando pela dor, era como se estivesse sugando minha alma. Afastei Safira do meu mamilo vendo o bico vermelho e inchado com uma fina linha de leite escorrendo, pelo menos agora ela havia parado de chorar e estava cheia.
- é assustador ter leite escorrendo de onde não devia.
Thalles voltou e trocamos as meninas, coloco ela no meu outro mamilo para dar um descanso onde Safira mamou antes voltando a sentir sugar minha alma dessa vez pelo outro lado.
- ah... Sim... Também quero... Ir pra casa.

Seguro a Safira de forma que ficasse em pé e passo a mão em suas costas.
- quero ir dormir com você, acordei com um gambazinho do meu lado chorando por causa do coco.
Disse enquanto arrumava safira no colo e beijando sua testa.
- o pai ama muito vocês duas, mas poxa vida, eu amo dormir também.
Olho para safira que colocava a pontinha da língua pra fora e virava a cabeça de leve.
- entendi o recado...
Dou um sorriso aí ver a cena e em seguida olho para o Rael e continuo a falar.
-porque tinha que ser duas?

Dei um sorriso de leve com a cena e ele reclamando.
- ah para... Nasceram essa noite imagina daqui a alguns dias... E eu mal acordei... Quero levantar e sair daqui.
Vejo Diana dormindo e afasto ela do meu mamilo também inchado agora, podia sentir latejar de dor, com uma mão segurando Diana termino de tirar meu blusão deixando ele de jogado no chão.
- deixa elas comigo e vai descansar, Diana dormiu logo Safira dorme também.
Estiquei a minha mão que mão que estava desocupada para pegar Safira.

- está tudo bem, vai descansar que eu coloco elas pra dormir no colo igual mais cedo.
Digo ainda com a safira no colo e me ajeito na poltrona, canto bem baixinho uma música de ninar que eu escutava quando era pequeno e logo safira começa a dormir, não fico pra trás e começo a dormir em seguida com a pequena no colo

Como todos estavam dormindo aproveito a oportunidade para descansar também, quando acordassem não dariam tempo para gente. Ainda inclinado viro de lado deixando Diana na cama com as costas contra meu peito e meu braço na frente dela abraçando. Fiquei olhando meus três amores dormindo sem pensar em algo específico esperando o sono vir.

*Elly*
Enquanto os meninos dormem, vou para a casa do Thalles e opto por tirar o sofá simples que ele tinha em casa e colocar um sofá que vira cama de casal, claro que isso foi com ajuda de alguns rapazes, afinal ainda tinha algumas tonturas e fraquezas involuntárias. Assim que o sofá estava certinho na sala, deixo um berços do lado do sofá, e coloco alguns brinquedos aonde ficava a mesa de centro.
A casa dele estava pouco preparada para as meninas, se bem que o que ele fez no quarto foi doce, porém não vai dar pra ficar subindo e descendo com tanta frequência.

Fiquei em quarentena. Por quarenta dias fiquei a base de comida leve e nada de fazer esforço, tempo o suficiente para a cicatriz não abrir mais, aproveitei e tirei muitas fotos em família, mandei para Tio Presto e Tai Olga assim como para minhas primas, enquanto isso as meninas só davam trabalho, foi difícil nos acostumar ao ritmo delas, o pior momento foi quando elas saíram de sintonia, ai quando uma estava acordada a outra estava dormindodormindo.
Dois meses se passaram até que estivesse completamente cicatrizado e pude voltar com minha rotina normal, pude acompanhar Thalles em suas aulasque inclusive usava constantemente dois macacões de bebê com as filhas durante as aulas, eu até andei mais pela Vila e pela floresta. Gaya havia voltado e me orientava em muita coisa e de muitas formas, andei treinando com ela e aprendendo o teórico sobre os lobos.
Com seis meses as meninas quase não ficavam comigo ou Thalles, quando não estavam nos braços de Sophi, ou estava com Elly ou com Margareth, só vinham até mim para mamar isso quando queriam leite, depois que descobriram o quão maravilhoso era a papinha deixaram meus peitos de lado, também só pegava elas quando começavam a chorar o que não era tão raro, elas havia ficado mais dramáticas do que eu, me orgulho do gene.