Luta demoníaca

Relembrando a primeira mensagem :

Eu não entendia do por que de vir para o mundo humano, foi algo que Arîn tramou para mim e isso me incomoda, me sinto fraco aqui, os únicos locais que me deixam forte são em baladas ou na cama com alguém...
Me irrita...
Realmente me irrita...
Tive de largar o inferno para vir para esse mundo sem graça... só menos não teria de fazer meus deveres como um demônio, apenas me divertir.
Me sentei na cama do pequeno dormitorio da escola jogando a mochila na mesma me lembrando do motivo de ter bindo para cá.

"A: você está muito folgado guri... precisa lembrar de como o mundo é cruel... Aoba me deu uma ideia, ele conseguiu uma permissão para você ficar um tempo no mundo humano - ela parou e respirou fundo piscando forte, mas logo voltou a falar - vou te deixar em uma escola humana, você vai ter que viver sozinho assim como era mais novo, reaprender a ser você, kk ainda me lembro daquele garotinho fofo que dava testada até mesmo em mim e que era incrivelmente esperto.... bem, vou te mandar uma certa quantia de dinheiro todo mês, quanto ao resto se vira, se precisar de mais dinheiro trabalhe..."
E assim vim parar aqui, empurrado para dentro de um portal da Aoba com minhas malas. Tudo tinha acontecido tão rápido...

Olhei em volta vendo cada detalhe do quarto, o que não era muito.
Apenas paredes brancas, uma cama, uma janela, a porta do banheiro e a porta de do corredor, uma cômoda com gavetas para a roupa e algumas pratilheiras na parede.
Me levantei e coloquei as cinco malas cheias e pesadas com todas as minhas coisas ao lado da comida, eu estava cansado e nem um pouco a fim de desfazer as malas agora.
Apenas voltei para a cama me sentando na mesma, rapidamente pegando no sono, acordando só de noite quando bateram na minha porta chamando para o jantar.

Olhei por todos os lados quando entrei no refeitório e, sem sinal do garoto.
Talvez já houvesse terminado e ido para seu quarto, o que pra mim seria um alívio. Precisava ficar um pouco sozinho, isso sim. Pensar em silêncio sem a companhia de nenhum aluno ou professor estúpido...

Me direcionei a cozinha, indo oara trás do balcão, pegando tudo o que precisava para meu chá.
O lugar estava tão malditamente silencioso, mas dessa vez o silêncio estava a me incomodar no entanto.... Era como se algo estivesse errado... Como se até mesmo os insetos houvesse se escondido com medo de alguma coisa...
Por um segundo, assim que liguei o fogo para ferver a águe, senti que não estava sozinho ali, mas não demonstrei isso em momento algum. Apenas me encostei no balcão, respirando fundo, tentando manter a calma, não permitir que minha cabeça me pregasse peças a uma altura dessas, pois no escuro tudo é possível...

- haaah... Estou vendo coisas... - disse para eu mesmo, passando as mãos por meus cabelos, ligeriamente.

Ouvi alguns sussurros vindos do mandão.
Pronto, além de ser mandão falava sozinho

Terminei meu leite em silêncio calmamente.
Peguei o prato e a chicara indo até onde ele estava.
Me aproximei em silêncio nem fiz mensão de chamar sua atenção ou de falar algum cumprimento.

Ele só percebeu minha presença quando se virou claramente assustado quando liguei a torneira para lavar o prato e a chicara.
Porém mesmo assim continuei em silêncio pensando se voltaria para a biblioteca ou iria para meu quarto.

Achei mesmo que aquilo fosse coisa da minha cabeça.
Dez anos trabalhando no que eu fazia fora da escola, vendo de tudo e mais um pouco, me deixou sim um pouco paranóico eu diria, mas quem não ficaria, correndo risco de morte o tempo rodo?
Era idiotice no entanto ter medo do escuro.
Não havia nada lá além das mesmas coisas que enxergá-vamos na luz. Não mudava absolutamente nada no escuro...

- Haaaah... - soltei outro longo suspiro, mas quando fui levar a caneca quente até a boca, ouvi a torneira ligando, um barulho alto bem perto de mim, e acabei me assustando. - AGH??!!! - gritei não pelo susto, mas principalmebte por que havia acabado virando a caneca fervendo encima da minha boca e pescoço.

Ficou tudo molhado e queimando como o inferno.
Nem ao menos tive tempo de olhar para trás, só, arranquei o terno, gravta e camisa, de cima de meu corpo, todos encharcados no líquido quente.

- Merda! - joguei tudo no chão, a caneca se espatifando sobre o mesmo.

Mas que caralhos...
É... Hoje não era meu maldito dia...

Coloquei o prato e a chicara no escorredor e quando me virei me deparei com o mandão sem camisa.

- que isso, não aguentou me ver no escuro e o fogo subiu pelo corpo ? - falei em um tom provocativo e um sorriso safado no rosto o olhando de baixo para cimaadmirando seu corpo que de alguma forma não tinha um físico ruim e que com o terno não transaparecia.

Reparei na caneca no chão e suas roupas molhado agora sim compreendendo o que havia acontecido.

- ah, desculpa - parei com a brincadeira e assumindo uma expressão seria peguei um pano o umidessendo e passando para que ele pudesse se limpar.

Enquanto ele estava com o pano me abaixei recolhendo os cacos da caneca.

- se cortou ?

Perguntei enquanto recolhia os cacos logo me levantando com os mesmo em uma mão.

O que ele era afinal?
Uma serpente silenciosa?
Por que, para chegar assim por trás e sem ser detectado justamente por mim, é por que seus pés não faziam barulho algum.
Pelo amor de Deus, eu havia me queimado inteiro nessa brincadeirinha estúpida.

Quando o ouvi no entanto, o encarei, puto da vida, o corpo desde minha boca até a barriga, ficando com a pele completamente vermelha e ardendo.
Teria agora que ter o maldito trabalho de ir a enfermaria...

- ... - não respondi a dua piadinha estúpida, mas continuei encarando aquele idiota com raiva, tomando o pano úmido de suas mãos. - Poderia ter cegado alguém. - disse entre dentes. - Droga moleque, não se faz isso com as pessoas, merda... - nem conseguia tocar onde havia queimado, pois ardia como o inferno. - Vê se pelo menos limpe a porcaria da bagunça que fez, droga. - eu realmente não deveria falar assim com um aluno, mas sinceramente havia ficado tão puto da vida, que acabei não me importando nem um pouco.

O encarei passivo com a boca em uma linha fina e os olhos expressando completo tédio.
Eu não estava bem um pouco afim de ouvir o chilique dele mas fiquei em silêncio mesmo assim esperando que terminasse.
Ele pensou mesmo que aquilo areia como o inferno ?
Sinceramente aquilo nem chegava perto do que minha casa poderia fazer com um humano e ele estava reclamando daquilo.

- acabou ? - quando ele não responde continuei - ótimo, podemos tratar disso agora

Apontei para a queimadura em seu corpo.
Ele ainda me encarava com puro ódio mas em um movimento rápido tampei seus olhos com minha mao.
A outra mão que estava ao lado de meu corpo começou a ser envolvida por um pedaço da sombra que se desgrudou da outra maior.

Passei minha mao coberta pela sombra que tinha um toque de veludo úmido pela queimadura fazendo a dor e a vermelhidão se aliviarem.

- acho que vai melhorar, é so passar uma pomada para queimadura...

Ele não sabia o qu to eu odiava aquela cara de pau que ele tinha.
Parecia que fazia só pra me desafiar, e isso vinha me tirando do sério...
Por que? Pra que ser um garoto estúpido como tal? Apenas pra me tirar do sério? Pra me ver levando bronca?
Eu simplesmente estava ficando puto com isso, e logo logo perderia a cabeça...

No entanto...
Tomei um susto quando ele se aproximou de repente.
Vi meus olhos escurecendo, como se as luzes estivessem se apagado completamente. Meu corpo todo arrepiou ao sentir seus dedos passando sobre minha barriga...
Não compreendi de primeira, mas logo entendi, quando a dor foi embora...
Desde meu queixo até meu umbigo...
Livre de qualquer dor...

- O que?... - me afastei alguns passos, me encostando na pia, sem saber o que dizer sobre aquilo.

Meu rosto todo ficou vermelho, quebte, pois... Querendo ou não aquilo me pegou de surpresa.
Coloquei as costas da mão sobre a boca, desconcertado, nervoso e envergonhado.
Não era costumeiro ter alguém me tocando de maneira alguma, nem sequer minha esposa...
Droga...

- N-não faça mais isso... Haaah... - resmunguei, desviando o olhar completamente quando terminei.

- fica quieto.

Remunguei andando junto a ele ainda proceguindo com minha mao.
Eu sabia que tinha sido minha culpa ele ter se queimado e simplesmente sou responsável o suficiente para tomar responsabilidade por meus erros.

Vi que agora estava levemente rosado então abaixei minha mao deixando que a sombra voltasse ao lugar é enfim estampando seus olhos.
Fiquei surpreso por ele estar vermelho p que destacava a cor de seus olhos.

- ah... - desviei um olhar um pouco constrangido por estar prestando muita atenção nesses pequenos detalhes e me virei indo até o fogão - ainda vai querer o chá? Eu posso fazer para você se quiser.

Disse já assentando o fogo colocando água para ferver, não deixando que ele recusasse.

Por que ele insistia... Em colocar as malditas mãos em meu corpo?
Por algum motivos eu estava sensível demais ao toque dos outros, e esse garoto simplesmente parecia não perceber isso...
Só... Que apenas parasse de me tocar pelo amor de Deus...

Quando seus dedos aconpanharam meu corpo, simplesmente não consegui me controlar...
Sua mão desceu mais um pouco, ficando encima de meu "ventre", e foi quando deixei minha voz escapar...

- Ah! - soltei um gemido reprimido, meu rosto ficando mais vermelho que um tomate.

Imediatamente me virei de costas para ele, uma mão sobre a boca, tentando disfarçar o som que havia feito.
Fora vergonhoso... Era vergonhoso eu estar com o rosto ardendo daquela maneira como um adolescente idiota...
Mas... Não pude evitar...

- ... Haaah... - respirei fundo, os ombros também vermelhos. - T-Tudo bem... - disse apenas, me afastando um pouco mais do garoto.

Ele estava muito vermelho e sensível tanto que até deixou um gemido baixo escapar.
Isso me deixou em dúvida.
Ele não fazia a tanto tempo assim ou foi por causa do meu poder mesmo que acabou deixando ele sensível ?
Não estava com cabeça para isso.
Para tentar descobrir, a tentar entrar em sua mente.
Apenas respirei fundo e estendi a mão.

- olha... começamos com o pé esquerdo, vamos tentar novamente... prazer sou Yosuzume - fiquei com a mão estendia em sua direção, ao menos eu estava tentando e se ele não aceitasse meu aperto de mãos eu com certeza faria da vida dele um inferno, afinal se não é amigo é inimigo.

Enquanto esperava até deixei que um sorriso tímido e fofo saísse tentando transmitir a trégua de paz entre nós que eu queria.
Já não suportava estar no mundo humano em um local que não queria e ainda ser inimigo de todo mundo não seria legal, talvez eu até aparecesse nas aulas... ou talvez não.

Olhei de canto para sua mão estendida e não pude deixar de lembrar da maldita sendação damesma me tocando.
Por alum motivo aquilo me abalou mais do que deveria, me deixando com medo de qualquer contato físico que fosse.
Mas como não queria o deixar ali feito um completo idiota, apenas neguei com a cabeça, um tanto irritado.

- Sem formalidades... - soou mais rude do que eu quis. - Oozaki shuichi... Apenas Shuichi está bom... - disse, ríspido, sem sequer olhar diretamente para ele. - Só quero meu chá enada mais por favor... Meu dia foi cheio, preciso descansar... - peguei minhas roupas do chão, trêmulo e ainda envergonhado por meus atos.

Não sei o que ele pretendia com aquela aproximação amistosa.
Depois de foder completamente com meu dia, queria vir bancar de meu amigo?
Não... Eu era bem mais esperto que isso. Quando não gostava de alguém, simplesmente não gostava e não havia ninguém no mundo que me tirasse isso da cabeça.

Nada de confiar em absolutamente ninguém, muito menos num pirralho encrenqueiro...

Levantei uma sobrancelha surpreso como ele tinha sido rude, mas depois coloquei as mão nos bolço e dei de ombros com um sorriso fraco nos lábios.

- ok.

Me virei de volta para o fogão onde a água começava a ferver e coloquei duas colheres de açúcar.
Olhei para os vidrinhos em cima procurando o chá que ele usará.

Coloquei o chá em uma outra caneca e esperei a água terminar de ferver, cruzei os braços sobre o peito e o encarei esperando que dissesse algo.

- então... shuichi, o que fazia antes de ser professor ?

Toda aquela situação havia se tornado extremamente constrangedora.
Sinceramente eu não sabia onde enfiar a cara. Vermelho como estava, as bochechas pegando fogo, simplesmente queria enfiar minha cabeçanum buraco, como um avestruz.
O pior era saber que aqueles idiotas estavam assistindo tudo e deveriam estar rindo da minha cara a esse ponto...

Novamente, quando ele tornou a falar, cruzei os braços, me sentindo ainda muito alheio a aquele tipo de conversa.

Era bom em socializar com as pessoas quando necessário, mas de algum jeito ficar perto desse garoto me deixava sentindo estranho, quase como se me sentiase ameaçado por algo inexplicável...

Me encostei no balcão, colocando minhas roupas de lado por um segundo.
Meu coração aos poucos voltava a bater em seu ritmo normal no entanto.

- ... Eu trabalhava em uma empresa de trabalhos alugados... - respondi apenas e exatamente o que ele havia me perguntado.

Falar demais causaria curiosidade e no fim ele poderia descobrir qualquer coisa sobre meu passado e usar contra minha pessoa.

- Haaah... - suspirei, tirando os óculos, passando as mãos por meus cabelos, bagunçando-os. - Só sei que era bem mais fácil do que ser um professor. - resmunguei.

Assenti com a cabeça prensando os lábios um no outro.
Eu tábua sabia mentir como ele fez agora, porém eu mentia para demonios mais profissionais do que um mero humano, e como ele fez agora ficou obviamente uma farsa cada palavra que sairá.
Mas... não queria mesmo me envolver nisso, as vezes os humanos poderiam ser piores que um demônio.

Me virei voltando a atenção para a água que estava fervendo.
Segurei no cabo de ferro dela e virei na caneca é tampei a mesma com uma tampinha de plástico.

- só esperar um pouquinho mais...

Assim coloquei a panela na pia então percebendo que a alça de ferro havia queimado minha mao.
Eu não sentia dor alguma, muito menos questão de trmpedratura, então não me importei.
Só não deixaria ele perceber, pois assim como ele não queria explica sobre certas coisas eu também não.

Tirei a tampinha da caneca e estendi para ele.

- espero que esteja bom... de qualquer forma, boa noite.

Me virei indo embora para meu quarto.

Não houve lá muita conversa entre nós dois.
Senti que ele realmente não confiava em mim o tanto que eu não confiava nele.
Era uma troca de mentiras fora do comum, mas eu não estava disposto a me passar por mentiroso dessa vez... Se alguém aqui seria descoberto, seria ele, fosse como fosse.
Talvez fosse apenas um moleque mimado, achando que era dono do mundo, ou talvez quem sabe... Existisse algo a mais nessa história...

Peguei a caneca de chá, o olhando ir embora sem lhe dar uma palavra.
Com um longo suspiro, abri a tampa da caneca e tomei um gole, me arrependendo imediatamente de tê-lo feito.

- Ugh... - resmunguei, olhando para o conteúdo do recipiente, um tanto mais irritado agora. - Eu não tomo com açúcar... - reclamei, jogando todo o resto na pia.

Hoje parecia que não era mesmo pra ser meu dia.
Desde a hora que coloquei os pés pra fora da cama, tudo virou o caos.
Diretor me dando bronca, esse garoto me infernizando a vida, minha insônia a me dar dor de cabeça.
Seria demais pedir que um dia fosse ao menos produtivo?

- haaaah... - mais um suspiro e direto pro quarto.

Precisei tomar um banho de novo, mas acabei deitado na cama olhando pro nada.
Minha mulher ainda me esperava para o fim de semana en casa, mas eu provavelmente não iria...

Assim que sai da cozinha voltei a meu quarto.
Minha cabeça estava pesada e meus olhos doiam de sono e de alguma forma consegui me arrastar para me quarto onde troquei de roupa e programei o despertador antes de me jogar na cama acordando só no dia seguinte

Noite em claro, dores de cabeça insuportáveis e claramente, mau humor logo pela manhã.
Até quando iríamos continuar com isso?
Sei que toda aquela confusão que acontecera na outra cidade fora culpa minha, por besteiras egoístas e estúpidamente relevantes, mas, eu estava ficando louco naquele lugar.
Já estava mais do que na hora de me colocarem novamenre a ativa, mas não o faziam e eu sabia que era uma forma de punição para comigo.

Haaah... Só queria continuar vivendo minha vida, sem parecer como um completo idiota...
Minha mulher estava me cobrando. Achei que conseguiria me tornar mais próximo dela depois de quase morrer por ela. Mas simplesmente não aconteceu.
Tinha sorte de ela não ter descoberto nada por ser burra demais, mas, ela ainda me cobrava explicações e meu tempo livre, ou melhor dizendo, o tempo que eu não tinha.

Estava sentado na sala dos professores, nenhum deles nem sequer chegando muito perto de mim.
A caneca de café encima da mesa fervia, sendo que já era a terceira.
Mabtive ambas as mãos sobre a cabeça, pensativo em como fazer as programações de aulas da próxima semana, fora todo o maldito resto que havia de fazer, no entanto, meus pensamentos variaram no exato momento em que aquele maldito garoto havia me tocado...

- Tch... - estalei a língua, nervoso.

- Professor Oozaki? - uma das professoras, bonita eu diria, tocou meu ombro. - O sinal já tocou. Quer ajuda com as coisas dos alunos?

- Não, tudo bem. Eu estava com o pensamento longe apenas isso. Até mais tarde. - me levantei imediatamente, juntando tudo e saindo pelos corredores.

Acordei com o som do despertador.
Fiz minhas higienes e com as várias chaves na mão fui para a biblioteca.
Peguei o livro do dia anterior e voltei a lê.

Passei o tempo lendo ele, até que terminei o livros pouco antes do sino bater indicando horário de almoço.
Caminhei preguisoço até o refeitório que estava cheio, peguei uma bandeja e coloquei tudo o que eu queria.
Caminhei entre as fileiras de mesa e um grupo me chamou para sentar com eles, mas neguei com a cabeça e fui para o canto me sentar sozinho.

- nee, não seja tão chato... eles te chamaram para sentar com eles.

Olhei para o lado e vi meu irmão kesa sentado a meu lado, ele havia aparecido do nada.

- o que faz aqui ?

- estava com saudades! - ele me abraçou pela cintura como uma criança mimada.

- bem se passou dois dias... - comecei a comer sem me importar com ele grudado em mim.

Passei esse pequeno tempo conversando com ele... sobre o que estava acontecendo no harem e nosso aniversário que estava próximo, sobre várias coisas.
Até que o sino bateu novamente e resolvi ir para pelo menos uma aula.

Olhei meus horário e caminhei até a sala onde me sentei em uma cadeira ao lado da janela.
Assim que sentei fui rodeado por garotas, todas atiradas, porém ainda assim conversei com elas enquanto esperava o professor chegar.

Digamos que eu não estava assim tão animado para dar aulas hoje. Mas também, digamos que eu não tinha realmente uma escolha.
Tinha de seguir a programação, as regras, tudo minuciosamente correto, caso contrário aquele maldito velho me denunciaria para a polícia.
Era um bom argumento para me animar um pouco.
Claramente um bom argumento...

Com a pasta debaixo do braço, entrei na sala de aula de cabeça erguida e expressão fechada como sempre.
Os alunos já haviam se acostumado, alguns até reclamaram por me ver, mas nada que eu me preocupasse muito no entanto.
Porém quando coloquei os olhos sobre um monte de garotas no fundo da sala, meu rosto simplesmente ficou pálido...

Aquele maldito garoto veio mesmo, com a cara de pau, na minha aula?
Isso só podia ser brincadeira...
E se ele houvesse falado sobre noite passada?
Não... Não falou, caso contrário estariam olhando pra mim de maneira diferente, já haveira escutado os rumores...
Seria estúpido até mesmo por parte dele fazer algo do tipo...

Limpei a garganta na frente de todos, colocando com certa força minha maleta sobre a mesa, apenas para chamar atenção.
As garotas imediatamente correram para as mesas, rindo entre si, olhando para o garoto novo.
Me repudiava tal atitude vinda de mulheres acima de tudo, mas eu não queria me intrometer.

- Espero que tenham estudado sobre nosso assunto da última aula, pois hoje discutiremos sobre e quem me der boas respostas irá receber notas a altura. - disse, recebendo resmungos por todos os lados da classe.

Me sentia incomodado hoje.
Por algum motivo apenas não me sentia confiante o suficiente para encarar todos aqueles adolescentes cheios de espinha na cara.

Afunde desconfortável na cadeira.
Justo quando eu decidi participar da aula era com ele.

Ouvi o que ele dizia com atenção sobre notas e conteúdo porém sem encara-lo apenas desenhando e rabiscando no caderno.
Ele explicava enquanto eu desenhava e assim que parou um minuto alguém do outro lado da sala gritou

- nee, sensei não vai apresentar o aluno novo!!?

Assim que que gritou os outros começaram a cochichar e eu me abaixei mais sobre o caderno.

Não sei por que ainda tentava...
Sinceramente, se haviam dois alunos naquela sala que realmente gostavam da minha matéria, seria muito.
Eu poderia até mesmo ter fugido do país, mas não, escolheram me enfiar numa escola, no fim do mundo, para que eu pudesse pagar penosamente por todos os meus pecados...

Tentei ao menos explicar a matéria sem que me aborrecesse, no entanto hora ou outra me pegava olhando para o garoto no fundo da sala.
Meus olhos se desviavam por alguns segundos, mas logo tornavam em sua direção novamente.
Não conseguia parar de sentir aquela coisa ruim na boca do estômago, ao me lembrar de nosso pequeno encontro ontem a noite. Me dava arrepios em pensar...

Porém quando me calei, um aluno me chamou a atenção.
Eu estava me deixando levar demais pela falta de atenção. Deixava meus pensamentos tomarem conta e acabava me perdendo durante meus afazeres.
Concentração era necessária agora.

- ... - fiquei calado por mais um tempo, encarando a todos que pela sala inteira cochichavam sobre o aluno novo.

Obviamente que todos eles ouviram os gritos do diretor.
A notícia corria solta dentro daquela escola. Nada era segredo de ninguém. Tanto que alguns deles até achavam graça da situação.
Parecia que eu estava perdendo o respeito daqueles alunos...

- Por favor, Yosuzume, venha para frente da sala. - disse depois de um tempo, o encarando com olhos afiados. - Já que os alunos desta sala não tem coragem de perguntar um nome, por favor, se apresente aos curiosos. - alguns deles riram, outros ficaram calados.

Simplesmente não entendia o que se passava na cabeça destes jovens.
Quando era mais novo, nunca fui assim... Minha educação sempre fora extremamente rígida.

Encostei minha testa no caderno deixando o lápis sobre o mesmo, respirei fundo e me levantei.
Caminhei lentamente até a frente da sala.
A cada passo que dava parecia pesado era desconfortável, derepente parecia tão quieto, tanto que eu podia ouvir o ponteiro do relógio passar.

- me chamo Yosuzume, tenho 17 anos farei 18 daqui a duas semanas....

E logo serei livre, não vou precisar mais passar meu tempo nessa maldita escola.

Dito isso voltei para meu lugar continuando com os vários rabiscos aleatórios que fazia na folha.
Ele voltou a dar a aula.

Depois de algumas horas o sinal bateu novamente e eu já estava embriagado em tédio olhando as folhas balançaram com o vento, olhei para meu caderno e vi o que tinha desenhado.
Era pequenos retratos do mandão em vários ângulos.
De costas, de frente, para esquerda e direita e bem no centro sus olhos...
Apenas os olhos que chamava tanta a atenção com vários detalhes de linhas.

Segurei os olhos para aqueles esboços e fechei o caderno antes de me levantar e ir até sua mesa.
Ele parecia estar corrigindo alguma coisa, com vários papéis na mão quando me aproximei.

- e quanto a chamada que tenho que assinar ?

Perguntei me lembrando da Folha.
Eu tinha me levantado e ido até ele automaticamente sem motivo ou pensamento algum, apenas por que quis.
E a pergunta saiu assim que abri a boca sem ter o que dizer

Não demorara muito até que todos perdessem aquele tamanho interesse no aluno novo.
Todos estavam ansiosos com sua apresentação, mas a mesma não demorou mais do que alguns segundos. Parecia mesmo que ele apenas queria ser deixado em paz, e muitas das vezes as pessoas interpretavam isso como "querer mais atenção".

Assim que ele terminou de dizer seu nome e idade, alguns se viraram um para o outro, comentando sobre Yosuzume, cochichando ou até mesmo falando algumas coisas na cara dura, mas, quando chamei a atenção, calaram-se, me permitindo finalmente retomar a aula, que eu mais do que ninguém, queria que acabasse.
Os minutos se passaram com algumas discussões sobre o tema da aula, conversas fora de hora, gente dormindo nas carteiras, mas nada com que eu não estivesse me acostumando. No fim passou bem mais rápido do que imaginei.
E lá estava eu, sentado na mesa do professor, alunos correndo para fora da sala como se estivessem livres duma cessão de tortura. Apenas um ficara pra trás e para minha surpresa...

- ... - o olhei por um segundo, sem dizer uma palavra.

Primeiramente peguei alguns dos cadernos dos alunos, que ficavam comigo e, não sendo novidade nenhuma, vi rabiscos sobre mim, desenhos obscenos, palavreados de baixo calão e cartinhas estúpidas.
Todos sabiam que o diretor não se importava com isso, principalmente vindo de seu capacho, eu mesmo, então aproveitavam para fazer desenhos... Um tanto quanto vergonhosos, de minha pessoa em atos sexuadi com o diretor, ou mesmo com minha esposa, de quem eles mal tinham conhecimento.
Apenas pulei aquelas páginas, tentando me concentrar no que tinha de fazer, no entanto não conseguindo olhar para aquela estupidez toda na frente dele, fechei os cadernos e juntei-os todos em uma pilha.

- Aqui... - disse, entregando-lhe o papel da chamada, apenas com seu nome escrito, da noite anterior. - Achei que não iria vir as aulas. - apenas comentei, sem pensar muito no que dizia. - Não é obrigado de qualquer forma. - terminei minha sentençanum tom baixo e calmo.

Mas em momento algum olhei em seus olhos diretamente.
Me sentia um tanto desconfortável.
Era como se eu não conseguisse manter a calma perto dele. Me deixava estranhamente nervoso...

Puxei o papel sobre a mesa e assinei com as letras curvas como escritas de livros na página.

- não é como se eu tivesse algo para fazer além de vir as aulas mesmo... - vi as pilhas de cadernos e entreguei a folha - tenho que deixar o meu também?


Me referia ao caderno, apesar de eu não ter anotado nada, apenas rabiscos e esboço que eu ainda iria contornar.
Iria mesmo ?
Sim... iria contornar e pintar se achasse algum lápis de cor.

Ajeitei a alça da bolça a jigandobpor cima do ombro mr preparando para ir percebendo que ele não estava afim de falar.

Adimito que tentava fazer com que todas aquelas coisas do dia a dia não me afetassem, mas ia guardando tanto dentro de mim que estava a ponto de explodir.
Todos aqueles desenhos estúpidos, aquele diretor nojento, minha mulher a cobrar minha presença, a polícia na minha cola, era estressante e eu quase não estava mais aguentando.
Meu humor estava cada vez pior, meu corpo completamente tenso que chegava a doer, minha caneça só funcionava a base de remédios pra dor.
Meus dias de paz havia escapado entre meus dedos...

Finalmente quando recebi a folha de volta, coloquei-a em minha pasta novamente, tomando cuidado para não amassá-la.
Franzi o cenho, pensativo, mas logo retomei minha atenção em sua direção.
Talvez houvesse sido mesmo muito duro com ele. Não queria problemas pro meu lado, apenas, estava de saco cheio de tudo e descontei em outra pessoa...

- Pode ficar com o caderno. Não há motivos para ficar comigo. - suspirei, tirando os óculos por um momento. - Olha... Sobre ontem, por favor não fale nada a ninguém. - pedi finalmente. - Já tenho problemas demais pra lidar, e mais um caindo sobre minhas costas, não aguentaria. - esfreguei os olhos, um tanto nervoso. - Apenas esqueça tudo isso. Me desculpe, não deveria ter sido tão duro com você, mas é melhor se acostumar pois eu sou assim com todo mundo.