Luta demoníaca

Eu não entendia do por que de vir para o mundo humano, foi algo que Arîn tramou para mim e isso me incomoda, me sinto fraco aqui, os únicos locais que me deixam forte são em baladas ou na cama com alguém...
Me irrita...
Realmente me irrita...
Tive de largar o inferno para vir para esse mundo sem graça... só menos não teria de fazer meus deveres como um demônio, apenas me divertir.
Me sentei na cama do pequeno dormitorio da escola jogando a mochila na mesma me lembrando do motivo de ter bindo para cá.

"A: você está muito folgado guri... precisa lembrar de como o mundo é cruel... Aoba me deu uma ideia, ele conseguiu uma permissão para você ficar um tempo no mundo humano - ela parou e respirou fundo piscando forte, mas logo voltou a falar - vou te deixar em uma escola humana, você vai ter que viver sozinho assim como era mais novo, reaprender a ser você, kk ainda me lembro daquele garotinho fofo que dava testada até mesmo em mim e que era incrivelmente esperto.... bem, vou te mandar uma certa quantia de dinheiro todo mês, quanto ao resto se vira, se precisar de mais dinheiro trabalhe..."
E assim vim parar aqui, empurrado para dentro de um portal da Aoba com minhas malas. Tudo tinha acontecido tão rápido...

Olhei em volta vendo cada detalhe do quarto, o que não era muito.
Apenas paredes brancas, uma cama, uma janela, a porta do banheiro e a porta de do corredor, uma cômoda com gavetas para a roupa e algumas pratilheiras na parede.
Me levantei e coloquei as cinco malas cheias e pesadas com todas as minhas coisas ao lado da comida, eu estava cansado e nem um pouco a fim de desfazer as malas agora.
Apenas voltei para a cama me sentando na mesma, rapidamente pegando no sono, acordando só de noite quando bateram na minha porta chamando para o jantar.

Já fazia um bom tempo em que tive que assumir este cargo.
Era algo incômodo com certeza.
Se me perguntassem algum dia se gostava do que estava fazendo, claramente diria que não, mas todos temos seus altos e baixos, e este era o maos baixo que eu chegaria.

Sinceramente, eu odiava esse lugar e as pessoas daqui. Odiava tudo isso, odiava como tinha que fingir, (embora isso sempre foi bem comum em minha vida), odiava não ter a liberdade que antes havia.
Mas era um mal necessário.
Um mal que tinha que aguentar por minhas ações. Um carma, carregado nos ombros por conta de meu pai.
Uma família inteira com este maldito fardo nas costas.
Ironia dizer "fardo" se a segunda parte do trabalho era minha preferida...
Bom... Ninguém precisava saber...

Como sempre o dia fora corrido, como normalmente era.
Coisas a se fazer, alunos a quem disciplinar e pessoas a quem se tomar conta...
Estava exausto por mais que jamais deixasse transparecer.

Passava pelos corredores dos dosmitórios masculinos, era noite, quase o término do jantar e algum maldito aluno já me dava trabalho.
Era a mim quem pediam para verificar quando um ou outro sumia, pois sabiam que me temiam e comigo não havia brincadeira.
Mesmo apenas passando pelos corredores, outros alunos já começavam a cochichar.

"É o demônio de terno..."
"Que medo..."
"Ouvi dizer que ele quebrou o braço do Takashi..."
"Ele parece mesmo o demônio..."

Humpf... Se soubessem de metade, me chamariam de coisas bem piores do que isso...
Já nem me importava muito com apelidos.
Fossem quais fossem, eu exigia respeito e estes apelidos me davam o devido respeito...

- Quarto 109... - olhei a placa na porta, o nome lia-se Yosuzume...

Bati na mesma por um tempo, tentando chamá-lo.
O garoto não havia dado as caras na diretoria para falar com o diretor e nem mesmo no refeitório.
Se fosse algum aluno problema... Estava perdido em minhas mãos...

Ao fundo eu podia ouvir um ressoar como música.
Tooc... to-tooc, tooc...
Porém foi ficando cada vez mais alta e incômoda.
Me devorei na cama e acabei caindo da mesma acordando imediatamente.

- argh! Merda!

Xinguei me levantando do chão ao perceber o que havia acontecido.
Me virei irritado para a porta onde alguém batia freneticamente.
Mal humorado abri a mesma me deparando com um cara vestindo terno, ele usava óculos porém seus olhos eram tão intensos que podia ver a seriedade através das lentes.
Passei os dedos nos olhos tentando acordar e encara-lo melhor.
Respirei fundo me preparando para a provável bronca que levaria.

- pois não?

Perguntei com sono e sentindo meu estômago começar a doer com a fome.

Quem quer que fosse que estivesse dentro daquele quarto, com toda a certeza estava testando minha paciência, e olha que eu tinha muita.
Mas da mesma forma que minha paciência era longa, também era minha persistência.

Continuei batendo na porta, cada vez mais forte, até o momento em que ouvi finalmente um estrondo alto de dentro do quarto.
Finalmente um sinal de vida, então não se demorando muito mais a abrir a porta.
O olhei de cima a baixo. Um rapaz um tanto mais alto que eu, parecia ter acabado de acordar de um sono pesado.
A minha primeira impressão fora de alguém preguiçoso e desleixado, com toda a certeza, mas não podia julgar a primeira vista.

- Ahem. - limpei a garganta, ajeitando o terno sobre meu corpo. - Você seria Yosuzume? - perguntei, a voz rípida como meus olhos. - Poderia saber qual o motivo de não ter comparecido a sala do diretor, e por último, a cozinha? Que eu saiba, todas as regras foram ditadas a você, principalmente o fato de todos os alunos serem obrigados a comparecer em todos os horários na praça de alimentação. Sem exceções... - finalizeo finalmente, continuando a encará-lo sempre nos olhos, em momento algum baixando meu tom.

Seria mais um aluno problema?
Já havia lidado com alguns antes e podia dizer que não acabou nada bem para esses garotos...

Prestei atenção no que dizia.
Porém sua forma rígida, o provável geito mandão e a pergunta besta que fez mesmo sabendo a resposta, essas coisas me irritavam.
Em todo o momento o olhei passivo apenas um pouco de tédio, ouvi nada mais e nada menos do que já esperava, bronca.

Assim que ele terminou de falar suspirei e dei um passo a frente fechando a porta atrás de mim.

- bem, como está óbvio eu estava dormindo, e tente levar em consideração que sou novo na escola vai demorar até eu me habituar as normas.

Ignorando qualquer coisa que disse passei por ele.
Ainda descalço, com a camisa amasada e os cabelos bagunçados caminhei pelos corredores indo em direção ao refeitório.

Como o suspeitado...
Seria um garoto problema com toda a certeza, mas, seria apenas mais um de minha lista.
Ada com o que não pudesse lidar, mesmo que custasse um pouco de minha paciência e tempo.

Assim que ele deu as costas, suspirei, passando as mãos pelos cabelos ajeitados.
Observei ele caminhando pelos corredores, um garoto grande, desleixado e completamente estúpido.
Como isso era clichê.
Tantos outros antes dele. Se achava que iria ser especial, estaria enganado.

Imediatamente caminhei em sua direção, parando exatamente a sua frente.
Assim que ele pariu, ajustei os óculos sobre o rosto, estendendo a mão com alguns papéis necessários para que assinasse.

- Ao menos tome suas responsabilidades para si mesmo. Não obrigue outras pessoas a se locomoverem e terem o trabalho de entrar tudo de mão beijada. - empurrei os papéis contra seu peito, deixando-os caírem sobre o chão. - Continue com essa atitude e logo logo será expulso, senhor Yosuzume. Tenho certeza que não faria falta alguma aqui dentro. - me afastei, dando as costas finalmente para o garoto.

Se ele realmente achava que lidar comigo era algo fácil, bom...
Hahaha, estava muito enganado.
Agora que ele havia chamado minha atenção, queria ver quem tirava...

O olhei com cara de deboche.
Por favor, expulso ?
Haha se me expulsassen estariam me fazendo um favor, nem queria estar ali para começo de conversa.
Quanto a responsabilidade... ele não fazia ideia de quem eu era.
Sou mais responsável do que ele pensa.

Tão responsável que nem fiz esforço em pegar os papéis no chão e os deixei ali mesmo proceguindo com meu caminho até o refeitório.
Durante o caminho ouvi murmúrios e fofocas.
Mas não me importei, cheguei ao refeitório quase vazio com no máximo uns três alunos.
Peguei uma bandeija colocando vários tipos de porcaria e me sentei na mesa mais distante para comer.

Como calmo e sem preocupação e só sai do refeitório quando já não tinha mais ninguém até fiz o favor de apagar a luz quando sai.
Voltei para meu quarto pelos corredores vazios, passei pelo monte de papéis ainda jogados no chão mas nem olhei na direção dos mesmos.
Entrei no meu quarto trancando a porta e indo ao banheiro tomar um banho.
Após o banho vesti apenas a cueca e uma camisa fina e dormi acordando só no outro dia

Era bem óbvio qe esse garoto começaria a me dar problemas.
Não estava esperando menos vindo dele.
Só não estava mesmo esperando uma bronca direta do diretor e pra melhorar, logo de manhã cedo...

- Você tem que ser mais rígido com estes alunos! Não pode simplesmente deixar eles fazerem o que quiser! Eu havia deixado mais do que claro que queria esses papés na minha mesa ontem! Preciso fazer o registro completo do aluno, e sem os papés com os termos assinados eu não posso fechar o contrato! Ah! E adivinha só! Sem o contrato, sem dinheiro! E sem o SEU dinheiro! - ele gritava, irritado.

Eu com toda a paciência do mundo, me mantinha completamente calado, parado mo mesmo lugar sem nem sequer respirar mais alto.

Se eu pudesse havia atirado bem no meio de sua testa.
Mas não eram ordens minhas, e sim de meus superiores, que mantivesse as aparências, que não revelasse quem eu era ou o que fazia.
Se estragasse o disfarce estaria tudo perdido. E isso incluía baixar minha cabeça para as ordens daquele velho repugnante...

- Eu entendo, diretor. Mas queria afirmar novamente que sou pago apra se rum professor, não um coordenador ou o que quer que seja... - dosse, cabeça baixa, olhos fixados naquele maldito homem.

- EU NÃO QUERO SABER!!! - ele bateu com ambas as mãos sobre a mesa, se levantando finalmente. - Eu sou seu dono aqui, senhor Oozaki. Eu te compro com meu dinheiro, e não me interessa quem seja ou não! Os alunos tem medo de você! E eu não posso contratar mais ninguém pra tomar conta dos alunos! Todos os professores fazem sua maldita parte, então engula esse maldito orgulho e faça seu trabalho! - mais uma vez, ele gritava feito um louco, e eu apenas abaixei minha cabeça.

Tinha certeza que meus "colegas de trabalho" que me monitoravam estavam rindo disso agora.
Malditos idiotas...

- Sim senhor. Eu compreendo, senhor diretor, e vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudar no que for preciso dentro dessa instituição. - o reverenciei finalmente, talvez assim seu ego infladia e calaria sua boca.

- É melhor que faça. Seja lá por que veio corrido para essas bandas, Shuichi, mas é melhor que não procure encrenca comigo... Eu nunca te fiz perguntas, nunca exigi nada seu, mas basta apenas algumas teclas para ligar para a polícia e acabar com a sua vida, seu maldito miserável.

Huh? Ameaças?
Estava mesmo precisando desse emprego?
Por culpa das merdas que aconteceram em meu último serviço, tive que fugir e me esconder.
Esse lugar era perfeito.
Afastado das cidades, recluso...
É eu precisava desse trabalho... Mais do que queria adimitir, e ainda assim, tinha de mentir a minha esposa...

- Sim senhor diretor... Eu vou imediatamente reclamar pelos papéis. Trago-lhe ainda hoje. - baixei minha cabeça mais uma vez, finalmente saindo daquela sala claustrofóbica.

No momento em que aquela porta se fechou atrás de mim, meus punhos se fecharam com tanta força que quase estouraram os nervos.
Maldita hora em que eu...

O sinal finalmente bateu, me tirando completamente a atenção.
Precisava encontrar aquele maldito garoto, pegar os papéis e era isso.
Apenas isso...

Acordei antes mesmo do despertador.
Nada verdade não da para acordar quando não se dorme.
Depois que deitei noite passada eu não consegui dormir, tavezeu tenha dormido por uma ou duas horas mas o resto da noite fiquei me revirando sem sono na cama.

Faltava apenas uma hora para o sol nascer, então não esperarei o despertador e levantei.
Fui no banheiro fazer minhas nescecidades e tomar um bom banho demorado para relaxar, vesti uma roupa qualquer que puxei da mala ainda cheia que não desfiz.
Nem iria desfazer a mala, eu seria expulso antes de precisar desfaze elas mesmo.

Pronto apenas ajeitei rapidamente meus cabelos e sai.
Os corredores estavam vazios visto que os alunos ainda não haviam acordado.
Raios do sol nascente entrava pelas janelas iluminando o chão e um sorriso de satisfação apareceu em meus lábios quando passei ao lado do monte de papéis ainda no chão.
Ele teve orgulho suficiente para não recolher, pois eu também.

Segui meu caminho até a sala do diretor, eu iria conversar com o diretor pessoalmente e se ele recusasse falar comigo, bem... digamos que não me portaria um bom aluno.
No caminho em um dos corredores me deparei com o mandão de terno que obviamente estava zangado... creio que sempre está.
Não fiz questão nem de comprimenta-lo e segui meu caminho, apesar de saber que ele viria atrás de mim para dar bronca sobre os papéis.

Não havia dado nem mesmo cinco minutos desde que abri aquela porta, e quem estava vindo?
Exatamente.
O motovo da minha dor de cabeça...

Ver aquela cara de deboche passando por mim, entrando sem sequer se anunciar antes na sala do diretor, fez meu sangue ferver.
O garoto achava que era dono do lugar.
Já havia lidado com caras como este antes, mas, já não tinha a mesma paciência de alguns anos atrás.
Se eu pudesse ele já estaria morto...
Faltava pouco para eu perder a cabeça, mas pelo meu bem, era melhor eu segurar a raiva...

O diretor olhou para a porta imediatamente, o encarando sem entender absolutamente nada.
Quando finalmente percebeu quem era, não exitou em abrir aquele sorriso falso, acomodando o rapaz da maneira mais cordial do mundo.

- Oh, Yosuzume-kun, por favor, entre e sinta-se a vontade! - ele próprio se levantou da cadeira para cumprimentar o garoto.

Quanta falsidade.
Se eu não tivesse que lidar todos os dias com isso, sentiria nojo. Mas nós humanos acostumávamos até com o ruim...

- Ah! Oozaki-sensei, aproveite que ainda está aí e por favor, pegue os papéis que ele tem de assinar, sim? - ele me pediu, mas novamente, não estavam comigo...

- Sinto lhe dizer, diretor, que infelizmente não estão em minhas posses. - me irei em sua direção, entrando naquela maldita sala novamente. - Eu pessoalmente entreguei ao senhor Yosuzume ontem a noite, quando fui verificar o por que de sua auxência. - respondi com toda a calma.

O diretor me lançou um olhar nervoso, mas logo desfez a cara de bravo oara enxer o ego do garoto de novo.

- Sendo assim o que procura, Yosuzume-kun?

Caminhei entrando na sala.
O diretor fez questão de se levantar, mas eu queria ser rude o suficiente para ser expulso então me acomode na cadeira frente a sua mesa jogado na cadeira.

- oh bem... é disso que vim tratar, minha matrícula - ousadia me consumiu deixei meu olhar dar uma leve escorregada e encarar brevemente o mandão de terno, mas logo voltei minha atenção para o diretor - os papéis não foram entregues.... apropriadamente, eles foram jogados em mim, e não sou um animal para tal ato, simplesmente não os recolhi.

Me ajeitei na cadeira agora ficando sério e passivo querendo tratar disso mais seriamente, deixando as brincadeiras de lado.

- mas deixando isso de lado, sou responsável o suficiente para tratar de meus assuntos, não preciso que mande qualquer pessoa para que se entrometa nas minhas coisas, se eu não vim ontem para minha matrícula é por que não estava em condições... esperasse que vinhesse hoje.

Senti a raiva correr por meu corpo.
Eu odiava aquilo
Ter pessoas se entrometendo na minha vida, principalmente quando me julgam.
Já fui julgado a vida toda, sempre sendo comparado a meus pais.

- me diga, quanto minha mãe está pagando para que me mantenha preso nessa escola, me diga e eu pago o dobro só para vocês me expulsarem, garanto que não vão me ver e continuaram recebendo o dinheiro, vá por mim é uma boa proposta.

Ah se era
Com certeza uma ótima oferta.
Arîn mais uma vez tinha me superestimado e esquecido que sou filho dela, assim como ela era uma mulher de negócios e conseguia o que queria, admito que puxei esse pequeno lado dela, sem falar que a fortuna dela também é minha.
Eu pagaria aquela maldita escola para sair e voltar para casa, por isso nem desfiz as malas.
Voltaria para casa e passaria o meu tempo na biblioteca lendo como sempre amei, Não precisava de estudo principalmente mundano, Tudo que eu tinha para aprender já estudei na enorme biblioteca do harem.
Eu apenas queria ficar lá e passar o resto da minha eterna vida aproveitando como podia.

Subestimar as pessoas não era algo que eu fazia normalmente, mas desta vez parece que minhas expectativas foram destruídas por completo.
De início, achei que esse garoto não seria diferente dos muitos outros com quem tive de lidar dentro dessa escola, mas pelo visto me enganei muito e calramente isso teria consequências.

O diretor ouviu o rapaz com toda atenção e falsidade que ele podia lhe proporcionar, porém, quando ouviu sobre os papéis, sua expressão mudou da água para o vinho.

- Oozaki... - pronunciava meu nome com raiva visívelmente presente em seu tom. - Eu irei ter uma conversa com você, em minutos... - foi tudo o que ele precisou dizer para mim, antes de tornar a falar com Yosuzume.

Aquele moleque...
Sei que era apenas um garoto, mas, se ele começasse a abusar de minha paciência e boa vontade, as consequências para ele seriam bem piores do que pra mim...

- Eu sinto muito por isso, Sr. Yosuzume, muito mesmo. Vou tomar as medidas certas para que Oozaki-sensei seja repreendido como devido. - ele olhou para mim, mas logo depois baixou a cabeça, esperando que eu fizesse o mesmo.

Claramente que fui obrigado a fazer o mesmo, com todo o ódio e desprazer do universo.

- Eu sinto por isso... Vou arranjar um jeito de me retratar por meis atos impensados, Sr.Yosuzume. - dizia sem alteração nenhuma enquanto o reverenciava.

- É bom que arranje. - o diretor complementou, tornando a olhar para o rapaz. - Mas em questão de sua matrícula, Sr.Yosuzume, eu não posso fazer nada. Sua mão me fez prometer que acolheríamos você e o integraríamos na escola. - Ela teve bons argumentos para o convencer no entanto.

Se esse velho achava que seu caso com uma garota menor de idade, era segredo, hah! Tanto eu como a mãe deste garoto, de alguma forma, sabia, e tinha tudo em mãos para denunciá-lo caso ele desobedecesse suas ordens.
Melhor dizendo: O garoto era um "aluno VIP".

- A questão não seria dinheiro. - ele continuou. - Sua mãe realmente presa por você e nós por todos nossos alunos. Por favor, ao menos tente ficar na escola. Logo verá que não é um lugar ruim de se conviver, vai com toda a certeza gostar do que temos aqui.

Ódio fervilhava em mim.
Ficar ali ? O que eu ganharia com isso ? Pra que ficar lá?
O ódio era tanto que emanava de mim apesar de minha expressão estar passifica.
O que ela andava tramando ? Ameaçando um humano ? O que ela ganharia com esse fedelho do diretor ?
Argh, minha boca ficou amarga com o ódio, esse não era um bom ano para eu passar raiva, pois é o ano em que meu bloqueio vence e raiva.... sempre é meu melhor aliado.

- ótimo - minha voz estava passada, claramente com raiva - já que querem " retratar esses atos impensados " fazemos um acordo... não sou obrigado a comparecer nas aulas, eu permaneço nessa maldita escola, mas quero livre acesso a biblioteca na hora em que eu quiser, tudo bem quanto a isso ? Caso não aceite, bem.... terão de lidar com minha "mãe" pois eu vou fugir de qualquer jeito e ela responsabilizará vocês.

Propus o a cor com ódio puro, mas enfatizou a última parte com um sorriso insano no final.
Continuei encarando-os esperando por uma resposta.

Pelo amor de Deus...
O diretor jamais iria conseguir tranformar essa escola numa instituição de ensino perfeita, se continuasse a ser esse completo idiota.
Era tão fácilmente manipulado.
Era tão fácilmente ameaçado.
Sinceramente o que esperar de um otário que comoa as estudantes?
Uma hora ou outra iriam descobrir.

Ele escutou o garoto em completo silêncio, tentando bancar o bonzinho, o pobre coitado que eu sabia que ele não era.
Ao lado do garoto no entanto eu me mantive completamente calado, em momento algum abrindo minha boca para nada.
Quando o menino terminou no entanto, vinuma gota de suor escorrendo pelo rosto daquele velho maldito.

- S-sim eu entendo sua revolta, Yosuzume-kun, sinto muito pelos problemas familiares, mas podemos entrar em um acordo, certo? - o homem tremia, nervoso.

Velho imundo...

- Poderá ter acesso a qualquer parte da escola que desejar. Apenas os aposentos dos funcionários e alunos serão proibidos, se me permite, mas de todo o resto poderá ter livre acesso. - ele ria, claramente não intensionado a isso. - E-eu só lhe peço para que, é o mínimo que precisamos para não arranjar problemas com as instituições acima de nós, assine uma lista de chamadas, todos os dias. É apenas uma vez ao dia, como se comparecesse as aulas, e tudo estará certo. Não se preocupe com notas, podemos dar um jeito nisso. - ele se sentou a frente do garoto novamente, limpando a testa com o lenço que guardava no bolso.

Novamente, fiquei em completo silêncio.
Eu nem sequer deveria estar naquele maldito lugar.


- N-no entanto não se preocupe! Não irá precisar comparecer a lugar algum. Faço questão de que Oozaki-sensei vá pessoalmente todos os dias, lhe coletar a assinatura. - ele continuou.

No momento em que ouvi meu nome, apenas levantei meu olhar em direção a aquele velho maldito.
Eu juro que estava tentando me controlar, mas, um dia esse homem apareceria morto por aí...

- Vai ser uma forma de punição. Ele não deveria ter lhe teatado assim, então vai tomar conta de todas suas necessidades. O que precisar, pode pedir diretamente a ele, quando quiser, Yosuzume-kun.

...

- ok.

O diretor tinha acabado de se condenar.
Eu havia pedido apenas a biblioteca porém ele e me deu a escola inteira.

Me levantei e estendi a mão.

- as chaves

Eu queria todas as chaves, saindo dali eu iria direto para a biblioteca

Eu simplesmente não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo.
Como podia ser um velho daquele tão burro, tão ignorante?
Ele mesmo se condenava, com suas palavras impensadas...

Sem titubear, o diretor tirou da gaveta as chaves, dando nas mãos do garoto, sorrindo nervoso.
Ele logo tornou a sentar-se a frente do garoto, falsamente tentando agradar Yosuzume.

- Fique a vontad epara andar pela escola, Yosuzume. Oozaki-sensei é quem fica de olho nos alunos, mas ele já sabe que se te vir fora do horário em qualquer lugar da escola, não vai precisar reportar, não é professor?

- Claramente. - respondi apenas, sem olhar para os dois em momento algum.

O que agora?
Viraria babá?

Dei um sorriso bruto e virei as costas.

- obrigadinho.

Com as chaves em mãos sai da sala do diretor e caminhei diretamente a biblioteca.
Estava empolgado quando parei de frente para a porta dupla, tanto que até quem não me conhecia acharia que eu era um cara tímido e meigo se visse o sorriso fofo que eu tinha no rosto.
A sensação e felicidade ao a abrir a biblioteca era enorme eu estava para dar pulos.

Eu simplesmente amo livros, amo ler, amo isso mais que minha família.
Ler me fazia viajar, ter sensações e experiências que fora dos livros eu nunca tinha.
Os livros para mim era minha vida, onde a cada livro que eu lia, fosse de aventura ou até mesmo romance eu me sentia preso nele, sentia tudo o que o personagem passava, nem mesmo importava se era homem ou mulher.

Destranquei as portas e assim que entrei fui atingido pelo cheio de folhas e capas de livros empoeirados, um lugar silencioso, onde só havia eu e mais ninguém.
Caminhei até o outro lado da sala onde fui abrindo todas as janelas, deixando que o sol e o vento entrasse e deixasse o lugar arejado.
Caminhei entre as estantes passando minha mao pelos livros, olhando título por título e pegando um que me interessou.
Um livro de capa grossa e pesado, olhei a última página e dizia ter 846 páginas.

- que delícia.

Adoro livros com bastante páginas, significava que em sua maioria tinha boas histórias e me demoraria passando meu tempo concentrado naquele livro.
Com o livro em mãos caminhei até a mesa mais próxima onde me sentei e iniciei minha longa nova aventura.

Toda aquela conversinha fiada me rendeu pelo menos mais uma hora de gritaria no meu ouvido.
Era certo de quie eu tinha que segurar as pontas, principalmente por ter sido culpa minha eu ter de sair fugido da polícia, mas não era homem de ficar baixando minha cabeça para velhos pedófilos e estúpidos...

Quando saí daquela sala, parecia que tinha um peso enorme em meus ombros.
Minha cabeça estava explodindo, e ali mesmo peguei uns dois comprimidos e engoli com rapidez.
Era difícil depender de calmantes mas era a única saída que via naquele maldito lugar...
Alguns alunos que começavam a andar pelos corredores logo começaram com os cochichos. Eu simplesmente já nem me importava tanto, pois, ninguém era corajoso o suficiente para vir me perguntar sobre os supostos rumores...

- Apenas se controle... - disse a eu mesmo, respirando fundo.

O dia tinha de se seguir, e eu precisava dar as malditas aulas para os malditos alunos...

...

Já era bem tarde quando finalmente a última aula acabou.
Todos saíram das salas e eu o fiz da mesma forma.
Como sempre, era minha rotina tomar uma caneca de chá e ler alguma coisa antes de ir a meus aposentos, mas antes recolhi os malditos papéis que estavam ainda nos corredores dos dormitórios dos alunos.
Precisava fazer aquele garoto assinar os papéis do dia, para fazer o relatório de faltas, mas eu sinceramente não estava com saco pra isso...

De qualquer forma, enfiei os papéis na maleta, me direcionando para a biblioteca.
Queria terminar aquele livro, precisava colocar minha cabeça em qualquer outra coisa que não fossem os problemas constantes...

Passei meu dia na biblioteca.
Nem mesmo sai de lá para comer, eu não sentia fome de qualquer forma mesmo.
Me sentia cheio enquanto lia e esse livro era muito empolgante.

A cada página, a cama capítulo, aconteciam coisas que chamavam minha atenção, e me fazia promete só mais um capítulo, porém não conseguindo parar.
O personagem principal se encontrava agora em uma grande bola de neve e eu não fazia ideia de como ele solucionados todos eles problemas, principalmente quando faltava tão pouco para o fim do livro é ainda mais problemas se formavam.

- é incrível...

Meu olhos brilhavam com a luz que refletia do abajur de mesa.
Já havia escurecido e eu nem tinha percebido.

Respirei fundo e fechei os olhos com um sorriso calmo no rosto e me recostei na cadeira.
Precisava dar um tempo na leitura, minha visão já estava embaçando.
Fiquei um tempo de olhos fechados esperando melhorar e pouco tempo depois voltei a leitura.
Desta vez eu estava com meus olhos demoníacos o que ajudava a ler melhor no escuro.
Meus olhos ficaram em um verde mais forte e cintilante, mesmo se apagassem as luzes veriam meus olhos brilhar como o de um animal, a pupila cresceu ficando como uma enorme bola preta impeça no verde, maior que de um humano, somente esses olhos diferentes poderiam me denunciar não ser humano, mas eles me faziam ver melhor de noite, e eu nem precisaria de luz para ler.
E assim voltei a minha longa leitura.

A essa hora não havia mais ninguém fora de seus devidos aposentos.
Provávelmente apenas o zelador rondava os corredores dos alunos, mas isso não era novidade para ninguém.
No fim das contas ele acabava pegando um aluno ou outro que tentava fugir do toque de recolher, mas nada de tão grave assim.

E eu?
Bom.
Desde que chegara aqui não conseguia pregar os olhos da devida forma, pois havia tanto em minha cabeça que não me deixava dormir.
Foi quando decidi começar a me entreter de alguma forma, já que não iria dormir tão cedo.
Geralmente tomava um chá bem quente, ia a biblioteca, ficava até a vista se cansar, e ia pra cama depois disso, mas hoje foi um pouco diferente do que o esperado...

- Hãh? - parei imediatamente, a pequena lanterna acesa, agora apontando para a pessoa que se encontrava numa das mesas do cômodo. - Mas o que está faz... - antes que terminasse a pergunta, olhei melhor e vi quem era.

Claro...
Para melhorar meu dia, eu tinha de encontrar com ele...
A pessoa a quem justamente eu menos queria ver nesse momento.

- Huh. Me esqueci por um momento que você é um garoto especial a qual as regras não se aplicam. - ajeitei os óculos sobre meus olhos, expressão fechada enquanto o encarava.

Mas meus olhos logo caíram sobre o livro em que ele tinha em mãos.
O meu livro...
Aquele que já vinha lendo a um bom tempo, aquele que planejava terminar e exatamente aquele que ninguém ousava colocar as mãos, pois sabiam que estava sobre minha posse, sobre meu uso.
Não era possível que esse moleque tranformaria minha vida num inferno maior do que já era...

Suspirei, respirei fundo, tentei me controlar e o fiz de fato.

- Sabe que livro é esse?... - perguntei, calmo, ou ao menos tentando parecer. - Vê este marcador quase no fim dele? Pois é meu. E eu gostaria simplesmente que ao menos não estragasse minha leitura.

Estava tão concentrado na leitura que levei um susto quando ele falou comigo, nem mesmo havia percebido a luz da lanterna.

- ah... bem..

Eu não sabia o que dizer, no fundo me senti até um pouco envergonhado com a parte de as regras não se aplicarem a mim.
Mas naquele momento eu só queria ir embora, e estar ali na biblioteca me acalmava me deixava de bom humor.
Agora eu estava mais conciente sobre meus atos e um leve sentimento de culpa me bateu por fazê-lo ser castigado, porém meu orgulho era maior, eu não iria pedir desculpas

Olhei para o marca texto que ele havia colocado, era uma coisa simples que eu não havia visto me percebido antes e faltava poucas paginas para eu chegar lá, entorno de umas cinco no máximo.
Isso me empolgou mais, me senti um competitivo e queria chegar até onde estava aquele marca texto e passar o mesmo.

- eu não tinha visto antes... - me virei para ele e meus olhos brilharam na luz da lanterna - estou quase chegando no marca texto, pode pelo menos deixar eu chegar lá, não vou demorar só me de 3 minutos? pode até conometrar se quiser.

Eu falava eufórico como uma criança, Eu estava animado e o livro realmente era bom, queria apenas saber o que aconteceria.
Queria saber onde ele havia parado, se naquelas cinco páginas de diferença algo empolgante aconteceria.
O que ele sabia?
Ele tinha gostado do livro ?
Era uma boa história, não era ?
Mas meu orgulho não me deixava perguntar

Por um mísero segundo, pensei ter visto algo de estranho no rosto do garoto.
Me pareceu que seus olhos... Tinham um brilho diferente...
Seria inpressão minha?
Jogo de luzes?

Só sei que no momento em que percebi, baixei a lanterna, o encarando com o cenho franzido.
Não havia percebido antes, mas agora que prestava atenção... Seus olhos sempre foram daquela cor?...

Quando ele tornou a falar no entanto, logo desviei meus olhos dos seus, um tanto incomodado com alguma coisa.
Nunca tive problemas em andar de noite por aí, mas, a biblioteca inteira parecia ter um ar pesado, algo que estava me incomodando, me deixando arrepiado...

- Haaaah... - suspirei, retirando os óculos apenas para poder esfregar meus olhos cansados. - Já que está aqui ao menos poderia assinar os papéis de presença? Sei muito bem que não quer ter problemas então, por favor, é só escrever seu nome. - coloquei a maleta sobre a mesa, lhe entregando uns dois papéis e uma caneta muito bem desenhada e adornada. - Se quiser, leia o livro até o final. Apenas não desmaque minha folha, eu pretendo terminá-lo também. - disse, um tanto ríspido, esperando com que ele assinasse os papéis.

Era minha única distração.
Passei semanas lendo pedaço por pedaço, capítulo por capítulo, e não queroa de maneira alguma deixar essa história pendente no ar.

Enquanto pegava os papéis meu estômago brincou alto eu não tinha comido o dia inteiro e meu estômago tinha sábado de avisar pela primeira vez nessa noite.
Me envergonho com o barulho incômodo que ele fez e assinei os papéis rápidamente.
Olhei para meu nome escrito nos papéis em letras curvas muito detalhadas e afeminadas.
Infelizmente eu não sabia escrever de outra forma, aprendi a escrever sozinho copiando escritas de livros, cartas e mapas antigos que Arîn guardava na biblioteca.
Meu estômago doeu me lembrando da fome.

- ham.... pode ler, eu acho que vou comer...

Me levantei indo a passos largos até o refeitório, as chaves presas entre os botões da camisa tilintaram quando me levantei
Não fiz questão de me despedir, apenas segui meu caminho pelo breu.
O enorme colégio estava tão escuro que olhos humanos não me enxergaram ali, mas eu não era humano, e aquela escuridão não me incomodou.
Cheguei as portas do refeitório destrancando o mesmo com as chaves que eu havia recebido, olhei no fogão e geladeira a procura de água coisa que havia sobrado mas não tinha nada, apenas panelas muito bem lavadas estavam na pia.

- já vi que vou ter que cozinhar...

Peguei uma panela pequena colocando leite- chocolate, canela e cravo e um pouco de trigo para engrossar e deixei ferver no fogo.
Na geladeira procurei por pão, alho rápido para um lanche da madrugada.
Peguei ovos, frango, um pouco de salada crua, cebolas e maionese.
Lavei a salada e desliguei o fogo que estava o leite, desviei o frango que estava cozido na geladeira e comecei a rechear meu sanduíche.
Coloquei o pão em um prato é o leite quente em uma caneca, com ambas as mãos ocupadas fui até uma mesa do refeitório e me sentei dando início a refeição que me dava água na boca.

Esse garoto as vezes parecia tão inocente quanto uma criança, mas geralmente esse tipo de gente escondia muito bem quem eram de verdade.
Sempre tive um pé atrás com as pessoas mas esse garoto... Tinha algo nele que me incomodou desde o segundo em que vi ele pela primeira vez...

Peguei os papéis de volta, guardando dentro da maleta novamente.
Olhei o livro encima da mesa depois que ele se retirou, e com um suspiro longo e profundo apenas fechei-o, colocando novamente na estante.
Havia perdido completamente avontade de ler naquela noite. Quem save apenas tentar dormir.
Haaah... Sabia que isso também não funcionaria.
Um chá de camomila?
Não sei...

- Queria poder dormir em paz sem ter esses malditos pesadelos... - resmunguei comigo mesmo, juntando minhas coisas e seguindo com a lanterna como guia, pelos corredores.

Queria evitar contato com ele, mas eu precisei ir a cafeteria para tomar meu chá...

Eu comia quieto e calmo quando o vi entrar no refeitório.
Eu estava em uma parte bem escura onde apenas se podia ver meus olhos brilharam como os de um predador.
O olhei de longe vendo cada detalhe de seus movimentos enquanto terminava de comer meu lanche.

Ele sumiu, ou quase completamente atrás do balcão da cozinha.
Eu podia ver a luz da lanterna acesa e a sombra de seu corpo se movendo pela cozinha.

Me enclinei um pouco mais na cadeira colocando meus pés sobre a mesa e bebi meu lente calmamente enquanto me enterti com as sombras no chão.
Sentia meu poder fluir, ver aquelas sombras dançando no chão me lembrava do poder que corria em mim, e as sombras tremeluziam em sinal de vida.
Oh sim...
Comigo próximo elas sempre ganhavam vida.