Ultimos Momentos

Relembrando a primeira mensagem :

Estava no meu gabinete vendo uma ficha de um paciente especial, já que o diretor do hospital me atribuiu este paciente especialmente a mim e me iria encontrar com ele hoje para uma consulta de rotina. Bem tendo em conta a ficha dele so pode significar duas coisas ou o paciente pediu que o enfermeiro fosse substituido ou o enfermeiro pediu...

Suspirei longamente observando a fotografia da ficha.

- Ainda assim ele é demasiado novo...

Fiquei relendo a ficha vendo os tratamentos que já havia feito e logo os que ainda tinha pela frente e sem que me desse conta chegou a hora da consulta.

Ri levemente me aproximando dele.
- Não se preocupe com isso... Vai dormir com o casaco?
Perguntei de quatro na cama, enquanto estendia uma mão e tocava na sua perna.

- sim, se não posso passar frio durante a noite.
Soltei as pernas me deitando lentamente de lado encostado na parede fria porém não tão fria bem, por enquanto... e fiquei de frente para ele observando sentar-se a minha frente.
- e você vai dormir apenas de boxer ?

- Sim...
O puxei para mim e começei a tirar o seu casaco.
- E garanto que não terá frio...
Disse olhando os seus olhos.

Me levantei um pouco ajudando a tirar meu casaco logo voltando a deitando retribuindo a encarada em seus olhos levemente corado.
- e porque me garante que não passarei frio?

Sorri e o abracei, sendo uma pessoa quente e calorenta com uma temperatura corporal alta.
- Tem frio?
Murmurei ao seu ouvido.

Abracei-o de volta entrelaçando nossas pernas e fechando os olhos, aconcheguei minha cabeça sobre um de seus braços e enterrei o rosto em se peito
- não... - respondi sua pergunta também sussurrando e com a voz abafada por seu corpo completamente junto ao meu - é tão quentinho quanto meu casaco

Ri levemente e puxei as mantas da cama sobre nos, fazendo-lhe festinhas.
- Shino... posso fazer uma pergunta?

- proxiga...
Respondi permitindo perguntar o que é que fosse

- Porque que não gosta de seu nome? 
Perguntei fazendo uma pausa, acrescentando.
- Se nao quiser responder nao responda.

Afastei meu rosto de seu peito e olhar para ele olhando-o por um tempo logo abaixando a cabeça
- a família Xuan é de uma classe um pouco mais alta por sua grande extensão de hospitais por todo o Japão, Xuan... é o sobrenome de meu pai, o único fragmento que tenho em meu nome dado por minha mãe é o apelido Shino pois ate mesmo o Lu foi escolhido pelos meus avós paternos da tão influente família Xuan.

Expliquei fechando as mãos em punhos abraçando-o mais apertado.

- Meus avós são muito rígidos quanto a imagem da família, meu pai Se casou com uma mulher vinda de uma família muito humilde e de condições muito baixas sem falar que ela tinha uma saúde muito frágil e mesmo meus avós não permitindo ele se impôs e os desobedeceu, por essa cena de demonstração "de amor" minha mãe sempre fez tudo por meu pai, era bons tempos em que eu nao me preocupava por nada, mas quando descobriram sobre minha doença... minha mae desmoronou, ela que já tinha a saúde frágil ficou pior psicologicamente culpando-se por ter dado a meu pai um filho quebrado, de desgosto ela morreu e meu pai.... nunca quis olhar para o filho quebrado... Ela era muito boa sempre se preocupou muito comigo, sempre vinha eu antes dela e eu reconheço seus esforços... as vezes eu sinto sua falta quando estou sozinho em meu quarto, sei que meu pai me despreza por isso não gosto desse nome, quanto menos ligação tiver com essa família melhor, por isso uso meu apelido, é tudo que me restou de minha mãe

A algum tempo eu já chorava consciente das lágrimas quentes, silencioso apenas tendo as lágrimas a escorrer por meu rosto tendo algumas frases cortadas pelo ofego entre o choro que molhava seu peito.

Abracei-o fortemente para mim fazendo-lhe festinhas. Ficando em silencio por um tempo dizendo depois.
- Tu não és um filho quebrado... Tu não és um brinquedo para quebrar... E eu vou te apoiar...

Nao respondi apenas permaneci chorando silencioso tirando um peso das costas ao me abrir um pouco com ele, era ao mesmo tempo que horrível lembrar essas coisas de como fui esquecido no canto e deixado na solidão, foi bom e aliviou, Me lembrei dos esforços de todos os empregados que nunca me abandonaram, os médicos que me deram apoio e ate mesmo Aaron que estava ali nesse  momento me acalentado em seus braços. Confortado e com o conhecimento de que muita gente estava ali por mim me fez dormir um sono tranquilo e sem sonho durante toda a noite

So me apercebi que ele estava a dormir passado um tempo suspirando e beijando sua testa.
- Desculpa...
Disse aconchegando-o nas mantas e me abraçando a ele pouco depois dormindo.

Em algum momento durante a noite me encontrei encostado na parede fria e em puro extinto subi sobre ele sorrateiramente como um gatinho ainda sonolento inconsciente do que fazia, abracei-o puxando as mantas por sobre nós voltando a dormir tranquilamente

Acordei com ele, pois tinha sono leve, mas assim que ele escolheu a nova posição, deixei-o estar adaptando-me a ele e em pouco tempo adormecendo de novo.

Acordei novamente só no dia seguinte por volta de 12:00h

Quando ele acordou, Aaron já não se encontrava com ele na cama, tendo mais duas mantas em cima do que quando tinham adormecido e um bilhete na mesinha de cabeceira. 

No Hospital depois de ter falado com aquela medica em particular por causa do acontecimento de ontem a manha decorreu em tranquilidade.

Aorsei como sempre de frente para a parede e quando virei para o outro lado ele não estava mais lá, retirei as várias camadas de mantas agora sentindo calor seentei-me na cama e olhei envolta procurando vestígios dele e encontrando apenas o bilhete.

- pequeno almoço?... QUE HORAS SÃO!!!?

Levantei-me da cama rapidamente indo até a sala e vendo o horário no relógio no balcão de divisória, já era tarde, peguei o almoço no micro e o comi rapidamente, lavei os utensílios deixando no escorredor, arrumei minha calça, peguei meu telemóvel, arrumei a cama rapidamente deixando tudo dobrado em um canto, nem mesmo tive tempo de trocar a camisola dele nem ao menos lembrei de pegar meu casaco apenas sai do apartamento trancando a porta e sai correndo pela rua até em casa

O intervalo do almoço chegou e fui até ao café perto do hospital pedindo umas sandes de atum para almoçar.

Ofegante cheguei em casa a tempo ainda para as aulas, nem mesmo troquei as roupas já fui direto para a sala de estudo onde tive aulas particulares de Biologia, Filosofia e Física, foram apenas uma hora para cada conteúdo tendo um intervalo de 10 minutos entre cada aula, quando finalmente acabou já eram 16:20.
E novamente me apressei subindo as escadas e tomando um bom banho na águas gelada, vesti uma roupa confortável peguei uma maçã na cozinha deixei que o chofer me levasse ao hospital ou chegaria atrasado para minha consulta.

Durante o almoço liguei para o veterinário informando que passaria lá com o gatinho depois do trabalho explicando a situação, voltando ao serviço durante a tarde.

Cheguei a tempo de pegar a última consulta da tarde as das 17:00, avisei a recepção que cheguei e fiquei sentado na sala de espera até ser chamado na sala do enfermeiro, não Demorou muito e ja estava em frente a sua porta batendo na mesma

- Entra
disse me levantando da cadeira e me encostando a secretária.

Entrei na sala um pouco envergonhado ao lembrar de tudo da noite passada mas estava com um misto de sentimentos o que fez minha expressão ficar tipicamente neutra
- licença...
Falei ao entrar na sala fechando a porta atrás de mim
- boa tarde

Inclinei a cabeça e observei-o.
- Boa tarde, senta-te por favor...
Pedi analisando-o.
- Sentes-te bem?
Perguntei ao fim de um tempo.